Palavra do Reitor
Pesquisa apresentada pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e Oxfam Internacional revela que, desde a crise econômica de 2008, mais de 62 milhões de pessoas perderam emprego. Os dados estão em reportagem publicada esta semana pelo jornal O Estado de São Paulo. Somados aos que já estavam sem emprego, o total chega a 202 milhões de desempregados em todo o mundo, o que equivale a um Brasil inteiro.
A má notícia é que essa conjuntura tende a se manter nos próximos anos com ligeiro incremento. As projeções da dupla OIT/Oxfam apontam que, em 2018, haverá 215 milhões de pessoas sem emprego. Há várias razões para isso: as políticas econômicas desde a crise não surtiram os efeitos esperados. De fato, a reportagem acusa uma situação ainda mais perversa. Nas últimas décadas, tem acontecido uma crescente concentração de renda. Desde a Segunda Guerra, não houve período em que se tenha registrado esse quadro, no qual apenas 1% da população detém metade da riqueza mundial. Ressalto ainda outra forma de ver esses dados alarmantes: 10% da população do mundo detêm 86% da riqueza mundial, enquanto 70% das pessoas mais pobres controlam apenas 3%.
Aqui entra uma questão importante. Sem dúvida, o crescimento econômico frágil das principais economias do mundo explica em parte essa situação. No cenário econômico mundial, um grupo de países emergentes passou a compor um bloco denominado BRICS, o Brasil, um dos membros desse agrupamento, é o que possui a maior taxa de desempregados e, no nosso caso, o fato está intimamente relacionado ao desempenho da economia que tem crescido aproximadamente 2% ao ano, quando seria necessário pelo menos o dobro disso para que pudéssemos empatar com o crescimento vegetativo da população e com as demandas necessárias em áreas como educação, saúde, investimento, etc.
Uma preocupação especial da pesquisa citada é com os jovens. Mais de 13% dessa faixa etária não têm emprego. No Brasil, essa situação é bem conhecida pelo IBGE. O mesmo relatório da OIT revela que 18% dos jovens brasileiros entre 15 e 29 anos não possuem emprego formal. Essa questão é especialmente agravada pela falta de estudo ou cursos profissionalizantes.
Dentre as muitas explicações para o desemprego no mundo e em nosso país, destaca-se a falta de formação da mão de obra. Este é o dilema: há pessoas querendo empregos e há ofertas de trabalho, mas o perfil do trabalhador necessário às vagas exige formação qualificada em áreas nas quais a maioria não se encontra habilitada.
Ironicamente, o Brasil tem ampliado o número de jovens que entraram nas universidades, porém temos constatado um efeito curioso que necessita ser estudado pelos especialistas da área. Trata-se das altas taxas de abandono e de migração dos universitários nos cursos. Ademais, outro fato que deve ser mencionado é que, no início de maio de 2013, depois das matrículas iniciais por meio do Sisu, ainda havia mais de 10 mil vagas a serem preenchidas nas universidades federais brasileiras. Esse número representa 8% do total de vagas ofertadas naquele período.
Colocadas todas essas questões, algumas metas deveriam ser elaboradas para os próximos anos como forma de combater o desemprego crescente, que não é, em absoluto, uma mera questão de extinção de postos de trabalho pela tecnologia. A história mostra desde a Revolução Industrial que, se uma forma de trabalho ou habilidade ficou obsoleta, outras aparecem, inclusive aumentando a variedade de empregos.
Então onde está esse desencontro? Os fatos parecem apontar para vários atores. A família, aparentemente, oscila entre determinar a carreira universitária que os filhos devem seguir e se omitir em orientá-los quanto à escolha de um curso. Isso não deveria ser assim, pois a participação efetiva dos pais e responsáveis, com o apoio da escola, é imprescindível para ajudar seus filhos na busca da melhor ocupação associada à realização pessoal, que se cumpre no desempenho de um papel laboral na sociedade. Por sua vez, as escolas, desde o ensino fundamental, devem começar a trabalhar a questão da vocação e do encontro do aluno com o mundo real do mercado de trabalho. Neste, as exigências de novas indústrias e até mesmo das tradicionais – que para sobreviverem têm procurado inovar toda a sua lógica produtiva, incorporando valores como a preocupação com a sustentabilidade, por exemplo – apontam para o fato de que é necessário haver uma aproximação maior das universidades.
Vivemos na era da aldeia global, como previu o teórico canadense McLuhan, na qual as fronteiras entre espaço e tempo estão esmaecidas. Mas o avanço tecnológico pode e deve estar a serviço da melhoria da qualidade de vida do ser humano, para que este viva de forma mais plena e produtiva, sem sofrer a lógica perversa da exclusão. Contribuir para que homens e mulheres estejam preparados para os desafios do mundo do trabalho e para o chamado do magistério e da pesquisa é uma das mais nobres missões de uma universidade. Nesse quesito a UFMA se orgulha de colaborar para um mundo melhor.
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, ACM e AMC
Publicado em O Estado do Maranhão em 26/01/2014
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