Palavra do Reitor
“A fé não é luz que dissipa todas as trevas, mas lâmpada que guia nossos passos na noite, e isto basta para o caminho. Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas oferece a sua resposta sob forma de uma presença que o acompanha, de uma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz. Em Cristo, o próprio Deus quis partilhar conosco esta estrada e oferecer-nos o seu olhar para nela vermos a luz.”
O parágrafo acima consta da página 57 da Carta Encíclica do Sumo Pontífice, chamada “Lumen Fidei” (Luz da Fé), dada em Roma, junto de São Pedro, no dia 29 de junho deste ano, na solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, a primeira do pontificado do papa Francisco. Trata-se de uma epístola dividida em quatro capítulos, que trazem palavras de reflexão apropriadas para esta época em que a humanidade comemora a vinda do Salvador Jesus.
A epístola se inicia com algumas considerações do Santo Padre sobre a luz da fé, refletindo que o papel de Cristo é ser farol para as trevas dos caminhos dos homens: “Quem acredita vê; vê com uma luz que ilumina todo o percurso da estrada, porque nos vem do Cristo ressuscitado, estrela da manhã que não tem ocaso” (p.7). Discorre Francisco acerca da luz ilusória, da luz a redescobrir, para então perquirir a origem da aludida luz da fé, elencando a galeria de heróis bíblicos como Abraão (considerado nosso pai na fé), enfocando sua coragem de crer no impossível, de perseguir o que parecia inalcançável. “Assim se vê como a fé, enquanto memória do futuro está intimamente ligada à esperança”, compara o Sumo Pontífice (p.14). Ele ainda faz alusão à fé de Israel e à de Moisés até chegar à figura de Jesus, que se torna “o sim definitivo de todas as promessas, fundamento do nosso último amém”, como está escrito na segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.
Ao falar da fé em Deus através de seu Filho Jesus, Francisco expõe uma imagem em palavras que formam verdadeira poesia: “(...) na fé, Cristo não é apenas Aquele em quem acreditamos, a maior manifestação do amor de Deus, mas é também Aquele a quem nos unimos para poder acreditar” (p.20). Mas esse líder religioso não prega uma fé desvinculada da verdade, pois acredita que “sem verdade, a fé não salva, não torna seguros nossos passos (...). Lembrar esta ligação da fé com a verdade hoje é mais necessário do que nunca, precisamente por causa da crise da verdade em que vivemos. Na cultura contemporânea, tende-se a aceitar como verdade apenas a da tecnologia: é verdadeiro aquilo que o homem consegue construir e medir com a sua ciência (...)” (p. 26).
Mas como tal união pode ocorrer? Francisco sugere uma conciliação: “(...) o olhar da ciência tira benefício da fé: esta convida o cientista a permanecer aberto à realidade, em toda a sua riqueza inesgotável (...). Convidando a maravilhar-se diante do mistério da criação, a fé alarga os horizontes da razão para iluminar melhor o mundo que se abre aos estudos da ciência” (p.35-36). Dessa forma, o Pontífice afirma que “a fé reta orienta a razão para se abrir à luz que vem de Deus, a fim de que ela, guiada pelo amor à verdade, possa conhecer Deus de forma mais profunda” (p. 38).
A fé ancora a realidade com alegria, revela o Papa. Essa fé não se presta para uma forma de escape como alguns podem imaginar, visto que aponta para a esperança vindoura da vida eterna, contudo ela já está presente. Sendo luz para a realidade crua e dura que se tem que viver, a fé torna-se lenitivo para antecipar o sumo da presença de Deus que toma a alma anelante. Penso que aqui se encaixa um dos mais incríveis insights de Fiódor Dostoiévski no discurso do grande inquisidor (Irmãos Karamazov) quando diz: “Existe no homem um vazio do tamanho de Deus”. Este dito vazio precisa da fé para ser preenchido com a pessoa de Jesus, histórico e divino.
Prossegue a Encíclica de Francisco sobre o papel que a Igreja desempenha em nossa caminhada de fé e sobre os sacramentos que ela dispensa, para então associar o caminho desse maravilhoso dom com o bem comum (“a luz da fé é capaz de valorizar a riqueza das relações humanas, a sua capacidade de perdurarem, serem fiáveis, enriquecerem a vida comum”, p. 52), com a família (“assimilada e aprofundada em família, a fé torna-se luz para iluminar todas as relações sociais”, p. 53) e, em tempos de sofrimento, com o alento para a alma (“o sofrimento recorda-nos que o serviço da fé ao bem comum é sempre serviço de esperança que nos faz olhar em frente, sabendo que só a partir de Deus, do futuro que vem de Jesus ressuscitado é que nossa sociedade pode encontrar alicerces duradouros”, p. 57).
Sábias palavras. E são com elas que quero desejar um Natal cheio de alegrias e um 2014 próspero e abençoado, rogando a Deus para a vida de todos e de todas aquilo que prescreve Francisco: “Quem se põe a caminho para praticar o bem, já se aproxima de Deus, já está sustentado pela sua ajuda, porque é próprio da dinâmica da luz divina iluminar os nossos olhos, quando caminhamos para a plenitude do amor” (p. 37).
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, ACM e AMC
Publicado em O Estado do Maranhão em 22/12/2013
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