Palavra do Reitor
Em 04/05/2012
Excelentíssimo Senhor Prefeito Henrique Salgado, Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal, Vereador Aldemir Lopes Fonseca, demais vereadores, secretários municipais, autoridades aqui presentes, Senhoras, Senhores.
É com sentimento de alegria e gratidão que hoje me encontro em Pindaré-Mirim, que, de todas as cidades do Maranhão – Estado de tanta diversidade cultural –, carrega, pode-se dizer, a essência da alma do povo maranhense, representado pelo seu tão afamado Boi de Pindaré, cujas melodias enchem de alegria tanta gente, especialmente nas festividades juninas. Preservar este legado é uma arte que deve ser valorizada, pois uma expressão cultural nada mais é que nossa história cantada e vivenciada em sua forma mais alegre e festiva.
Ao ser alçado pela distinção que a Casa do Povo de Pindaré-Mirim hoje me concede – que é a de me tornar também filho desta terra –, estou a partir de hoje irmanado com outros homens e mulheres bravos e valentes, o que enche de orgulho e responsabilidade o meu coração. Gente trabalhadora que, como diz seu hino, regou com suor este chão, fecundando-o de vida desde o final do século XIX, quando aqui chegaram seu primeiros moradores, os quais deixaram suas marcas, como se pode ver neste monumento ao espírito aguerrido daqueles pioneiros, cujo símbolo é o Engenho Central.
Desde o ápice da navegação, nos idos dos anos 70, no rio Pindaré até à efervescência dos afazeres em torno da rodovia, da Avenida Presidente Getúlio Vargas e da Rua Elias Haickel, tudo nesta cidade inspira um legado de coragem e disposição, que convivem em equilíbrio com a tranquilidade e a hospitalidade de seu povo. A paisagem natural de trechos de rios para banhos e a belíssima vegetação da Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, que cobre 28% do território municipal, revelam que Pindaré-Mirim é uma cidade única.
Talvez aqui muitos não saibam, mas sou filho originalmente de Cururupu, e minha ligação com Pindaré se deu através do meu irmão, o prefeito Henrique Salgado, que veio até aqui como resultado da paixão por Aparecida, filha do nosso nobre Manoel Pezão, liderança política que todos conheceram. Aqui ele se casou, construiu sua família, laços de amizade, e seu trabalho o credenciou a gerir os destinos deste município. Lembro-me de que, numa das primeiras oportunidades que tive de me dirigir ao povo de Pindaré, pedi voto para meu irmão que, na ocasião, era candidato a prefeito. Disse que, se ele não construísse o hospital da cidade, nunca mais votassem nele. Não o fiz porque queria impressionar, mas porque falo naquilo em que acredito. O resultado é que o Hospital foi inaugurado, e ele foi reeleito.
O poeta Carlos Drummond de Andrade disse que preparava uma canção que fizesse acordar os homens e adormecer as crianças. Eu não fiz canções ou poesias, mas procurei colocar à disposição da sociedade minha vontade de servir à causa pública. O maior exemplo recebi, em casa, do meu próprio pai, que se aposentou como Auditor da Receita Federal, com uma trajetória ímpar de seriedade no trato com o bem comum, e que fez questão de repassar aos seus 8 filhos preciosas lições de ética, respeito ao próximo e valores cristãos.
“O sonho que se sonha só é apenas sonho, mas o sonho que se sonha junto vira realidade”, já dizia Raul Seixas. E, como nenhuma vitória se consegue sozinho, sei reconhecer que devo a Deus e à minha família, por quem nutro a mais sincera gratidão, por todas as conquistas alcançadas. Também devo o lugar onde hoje estou à dedicação que desde cedo ofereci aos estudos e ao processo do conhecimento. Desde que me formei em Medicina, fiz a opção de trabalhar no serviço público. Dediquei tempo para diversas especializações, mestrado e doutorado, além da participação em cursos, simpósios, jornadas e também para a produção de artigos e textos científicos, sempre na intenção de colaborar com o meu aprendizado na formação de outros. Assim, quando fui chamado para assumir o desafio de dirigir o maior hospital do Maranhão – o Hospital Universitário Presidente Dutra –, aceitei, amparado pela minha trajetória, e em especial pela soberana mão de Deus, pela compreensão e pelo carinho de minha família, minha esposa e meus filhos e também por aqueles que acreditavam na missão que abracei. O trabalho que lá desenvolvi até hoje rende bons frutos e tenho certeza, como disse Rubem Alves, de que os grãos que lá plantei serviram de sombra e alimento para milhares de maranhenses que ali vão em busca de um atendimento médico de qualidade.
Quando fui chamado ao desafio de ser reitor da Universidade Federal do Maranhão, também priorizei a educação em todas as suas vertentes, e a interiorização foi alvo de especial atenção em nossas gestões. Por isso mesmo, quero destacar o que está sendo realizado mediante a formação de pessoas qualificadas que farão diferença no desenvolvimento desta cidade e região. Nessa direção, a Universidade Federal do Maranhão, em parceria com a Universidade Holandesa de Wageninge, por meio do Programa Capes/Wageningen, desenvolve o projeto de pesquisa Bacia do Pindaré: ferramentas para conservação e manejo integrado dos recursos naturais, Maranhão, Brasil, coordenado pela professora Larissa Nascimento Barreto, do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFMA.
Também oferecemos ao Município o Programa de Formação de Professores para a Educação Básica – PROEB, com os cursos de licenciatura em Filosofia, Educação Física e Ciências Exatas (com habilitação em Química, Física e Matemática). Quero destacar, como forma de reconhecer o trabalho de todos os professores e técnicos envolvidos neste grande desafio, o trabalho da Assessora de Interiorização, professora Cenidalva Teixeira.
A Universidade que mais cresce com inovação e inclusão social assume desta forma seu papel no contexto da educação no nosso Estado e o compromisso em expandir com responsabilidade, proporcionando educação de qualidade. A educação, senhoras e senhores, é o caminho pelo qual necessariamente deve trilhar toda cidade, estado ou país que quer alcançar um nova dimensão e proporcionar um melhor legado para suas futuras gerações. Rubem Alves prega que a cultura forma sábios; a educação, homens. Anísio Teixeira, um dos maiores educadores brasileiros, afirma que o que aprendemos refaz e reorganiza nossa vida. E Paulo Freire, considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos, assevera que, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.
Precisamos valorizar, incentivar e estimular nossos jovens para que abracem a educação como forma de instrumento de transformação. Há muito a ser feito, mas se cada um de nós assumirmos essa tarefa, seja aqui em Pindaré, seja em qualquer outra parte do mundo, aos poucos conseguiremos transformar nossa realidade.
Permitam-me agora, senhoras e senhores, mais uma vez agradecer neste momento a iniciativa que partiu tanto dos edis que compõem esta Câmara Municipal como também dos professores e alunos que, de forma unânime, acordaram em convidar-me a ostentar o nobre título de cidadão desta terra. Acredito que ser acolhido como filho de uma cidade como Pindaré é uma enorme responsabilidade que me instiga a cultivar as admiráveis qualidades inerentes aos seus filhos. Dito isto, consolidarei ainda mais os meus compromissos com este torrão.
Ao lado de outros títulos de cidadania que recebi, como o de Codó, São Luís e de Grajaú, renova em mim a convicção de que estou no bom caminho na condução da Universidade Federal do Maranhão. Portanto, meus agora conterrâneos, esta cerimônia na qual sou agraciado com o título de cidadão pindaresense é um desses momentos em que somos tomados de boas lembranças e que nos dão a grata certeza de que uma trajetória de serviço e dedicação à comunidade nunca é em vão.
Como disse o poeta Mário Quintana, “o nosso lar é onde somos honrados”. Saberei honrar e merecer tão elevada distinção e, sobretudo, reconhecer a generosidade da sua gente. Não precisarei perguntar o que devo fazer para retribuir a amizade e a consideração dos pindareenses, pois o sentimento que, a partir de hoje nos irmana, me faz ter a certeza de que também bate no meu peito um coração pindareense.
Muito obrigado.
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