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Palavra do Reitor

A ciência e o impossível
A ciência como agente de transformação social do Brasil foi o tema da palestra de abertura, na 17ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no Maranhão (SNCT), de 19 a 23 de outubro, proferida pelo professor Miguel Nicolelis, médico, neurocientista, professor catedrático da Duke University Medical School e membro das Academias de Ciências da França, do Brasil e do Vaticano.
 
O palestrante rememorou o dia 19 de outubro, como a mesma data em que, há 119 anos, foi empreendido por um dos maiores cientistas brasileiros, Alberto Santos Dumont, um fato histórico que abriu o caminho da modernidade. Ele venceu o desafio, proposto por um milionário francês, de partir do Campo de Saint-Cloud, dar a volta ao redor da torre Eiffel e retornar em até trinta minutos. O dirigível Brasil Nº 6 lhe permitiu esta proeza e o prêmio, que dividiu metade entre seus mecânicos e a outra metade, entre os pobres de Paris.
 
Alberto Santos Dumont - neto de um joalheiro francês que migrou para o Brasil, no início do século XIX - nasceu numa fazenda, no interior de Minas Gerais. Desde pequeno, demonstrou grande interesse por mecanismos e sonhava em construir um aparelho voador controlado pelo homem. Sua curiosidade nasceu da primeira visita a Paris, quando conheceu os primeiros motores a combustão. Esta experiência acordou aquele pequeno homem, “Le petit Santos”, na mesma Paris que o encantou em sua primeira viagem.
 
Seus inúmeros dirigíveis lhe renderam reconhecimento e o maior prêmio, na época. Depois desse feito, vieram outros dirigíveis cada vez maiores e mais seguros, o que culminou com o icônico 14-Bis que fez o primeiro voo homologado por uma instituição aeronáutica. Um voo de 220 m, a uma altura de 6 m.
 
Dumont construía não só o veículo voador, mas todas as soluções técnicas, cujos princípios conceituais são usados até hoje. Talvez nossa necessidade de heróis lhe tenha destacado, com mais afã, o pioneirismo do voo. Mas sua genialidade vem de produzir, quase do nada, veículos voadores, inovadores e funcionais. Seu sucesso veio, com muito trabalho e com a fixação no sonho de fazer o homem voar por seus próprios meios. Ele conseguiu.
 
Durante sua fala, Nicolelis compartilhou resultados de suas pesquisas e o inovador protocolo de treinamento de pacientes paraplégicos, usando uma interface cérebro-máquina, para culminar com a construção do primeiro exoesqueleto de membros inferiores em perfil robótico controlado pela mente. Os relatos surpreendentes animam a todos nós da comunidade científica, ao constatar um futuro mais livre e independente para aqueles que, há muito, perderam a capacidade de locomoção. Não por acaso, o exoesqueleto foi batizado de Brasil Exoesqueleto Santos Dumont 1, seguindo a tradição de nosso cientista. O projeto coordenado por Nicolelis permitiu a um jovem paraplégico um feito extraordinário: chutar uma bola na abertura da Copa Mundial de Futebol, no Brasil, em 2014. A ciência inspira o cientista na direção do impossível. 
 
Chamou minha atenção a ênfase dada à contribuição de Santos Dumont para a ciência. Embora conhecedor de suas descobertas, percebi que, com o passar dos anos, esquecemos os que nos legaram um mundo mais avançado. Santos Dumont se inscreve entre aquelas raras pessoas dotadas de genialidade.
 
Aliás, o professor Nicolelis afirmou que o mundo da ciência se divide em antes e depois de Santos Dumont. Ousadia e esplendor científico libertaram a espécie humana do solo e inspiram uma tecnologia que proporciona ao paraplégico chutar uma bola. Não à toa, a primeira cratera da lua foi batizada com o nome de nosso conterrâneo cientista. Ao lado de Oswaldo Cruz, Santos Dumont foi citado como um inventor benemérito, a quem a humanidade deve gratidão eterna.
 
Ao final de sua palestra, o professor Miguel Nicolelis enfatizou sobre o assombroso poder desse universo ainda desconhecido por nós: o cérebro humano. Capacidade de recuperação, formatação e alcance de resultados impossíveis são provas sobejas de que a mente humana ainda é um terreno pouquíssimo explorado. Homens como Santos Dumont nos provam que determinação e ousadia são duas aliadas imprescindíveis, para que a humanidade possa dar curso ao seu propósito de antecipar o amanhã, nos inspirando a acreditar que a ciência nos oferece a possibilidade de realizar o que nos parece impossível.
 
Natalino Salgado Filho
Reitor da UFMA, Titular da Academia Nacional de Medicina, Academia de Letras do MA e da Academia Maranhense de Medicina.
Publicado em O Estado do MA, em 01/11/2020
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