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Palavra do Reitor

Porque a vida não espera

Atualmente, o Hospital Universitário (HUUFMA) está aparelhado para as cirurgias de transplantes de córnea, rim e de fígado. Em duas décadas, foram realizados 2.838 transplantes, sendo 5 de fígado, 646 de rim e 2.187 de córnea. Dados atualizados de setembro deste ano dão conta de que existem 270 pessoas na fila de transplante no Maranhão. Mesmo com esse avanço, ainda há muita desinformação e é preciso um grande esforço conjunto do governo, instituições e população, para melhorar nosso índice de doação. 

As doações vinham crescendo exponencialmente em nosso país e, em 2019, conseguimos atingir o índice inédito de 18,1 pmp (por milhão de população). Entretanto, o Ministério da Saúde revelou dados preocupantes que têm relação direta com a Covid -19: a redução no número de voos comerciais impactou diretamente a logística de transporte de órgãos, equipes e tecidos entre os estados; e ainda há a dificuldade ao acesso do consentimento dos familiares do falecido, uma vez que o protocolo relativo aos óbitos ocorridos nos hospitais foi radicalmente alterado.

As regiões que mais sofreram com o impacto da queda do número de doações foram o Nordeste, o Norte e o Sul. Para se ter uma ideia, em abril do ano passado, foram realizados 617 transplantes; e, em abril de 2020, apenas 410. De acordo com o Ministério da Saúde, apesar desse cenário, a taxa de recusa familiar para a doação de órgãos vem diminuindo: em 2019, a taxa caiu de 39,9%, no intervalo de janeiro a julho daquele ano e, no mesmo período deste ano, para 37,2%. 

Sem dúvida, o Brasil tem o maior programa público de transplantes de órgãos do mundo, sendo que 95% das cirurgias são feitas pelo SUS e, em números absolutos, estamos em segundo lugar no mundo inteiro, logo atrás dos Estados Unidos. Só que os números mundiais também são alarmantes: nos primeiros meses da pandemia, as cirurgias transplantadoras na França, inicialmente, caíram 50% e, na Inglaterra, mais de 50%. A Espanha, que é referência mundial em doação de órgãos, no mês de março, chegou a 90%, de acordo com dados da ABTO.  

No último domingo, 27, Dia Nacional de Doação de Órgãos, participei de uma carreata capitaneada pelo Hospital Universitário, HUUFMA, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), como iniciativa da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) e do Banco de Olhos, com apoio da Universidade Federal do Maranhão. A realidade apresentada confirmou de quão vital importância foi esse evento, para a continuidade da vida de milhares de pessoas que aguardam, nas filas, por uma chance que pode tirá-las do sofrimento cotidiano e reforça que, infelizmente, essa foi outra área da vivência humana profundamente afetada pela pandemia que atravessamos. Dados divulgados, em agosto de 2020, pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, dão conta de que o número de doadores caiu 6,5%, no Brasil, no primeiro semestre de 2020, em relação ao ano passado; e de que, até o final de julho deste ano, havia mais de 40 mil pacientes na lista de espera de doação de órgãos. 

Vale enfatizar que é necessário e digno de reconhecimento o trabalho feito pelos meios de comunicação nacionais e, em especial, os locais, que nos ajudam a afastar preconceitos, a aproximar doadores e a formar uma imensa corrente do bem e da solidariedade.  Comunidades bem orientadas tornam-se mais saudáveis, doam mais e, naturalmente, sabendo o que fazer para ajudar, diminuem as alarmantes taxas de morte. Por isso também a campanha de doação de órgãos deve continuar na pauta de nossas prioridades.

Se ouvirmos o relato de uma vida prolongada em razão da bondade alheia, talvez aprendamos com Drummond, a não ser nem de um mundo caduco, nem do mundo futuro, mas do tempo presente, dos homens presentes, da vida presente. Ao aprender os sentimentos do mundo, que aceitemos o convite do poeta: o presente é tão grande, não nos afastemosvamos de mãos dadas. Viver não retrocede e a vida não espera. O presente tem sua urgência e precisa de esperança.

Natalino Salgado Filho
Reitor da UFMA, Titular da Academia Nacional de Medicina, Academia de Letras do MA e da Academia Maranhense de Medicina.

Publicado em O Estado do MA, em 03/10/2020

 

 

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