Palavra do Reitor
Neste mês de outubro, o Concílio Vaticano II completa 50 anos. Esse foi o 21º Concílio da história da Igreja Católica. Idealizado pelo Papa João XXIII “o Papa Bom”, teve sua abertura em 11 de outubro de 1962. A convocação ocorreu em dezembro do ano anterior, por meio da bula papal “Humanae salutis”. O Concílio terminou em dezembro de 1965, sob o papado de Paulo VI.
Por essa razão, o Papa Bento XVI declarou 2012 como o ano da fé. É oportuna a iniciativa papal diante dos inúmeros desafios que a Igreja enfrenta. Em sua declaração, o Papa sugere que os católicos de todo o mundo se inspirem nos documentos do Concílio – o que chamou de “expressão luminosa da fé” – e, então, recuperem a “tensão positiva” daquele momento.
Ainda em sua fala, numa postura de humildade e realismo, reconhece que no “campo do Senhor” também há disputa, e no seio da Igreja há fragilidade humana e, embora se refira ao Concílio como a “primavera da Igreja”, numa referência ao momento de abertura política e afirmação de valores democráticos em alguns países árabes, admite: “Ainda hoje somos felizes, mas nossa alegria é mais sombria, mais humilde".
A palavra que define o Concílio Vaticano II é aggiornamento, que significa modernização, atualização. Naquele momento, havia a necessidade da Igreja se aproximar de seus fiéis, mas também de ser um ente participante dos grandes problemas sócio-econômicos e espirituais que se apresetavam à sociedade.
Os anos sessenta, como se sabe, definem um período de intensas rupturas nas relações familiares e sociais. É um período de emancipação feminina, guerras e tensão política entre duas superpotências, o que instalou a Guerra Fria – dividindo o mundo em dois pólos antagônicos e submetendo milhões aos ditames de uma visão materialista da vida sob regimes políticos marxistas no leste europeu, que constituiu o bloco de países conhecido como Cortina de Ferro.
Por outro lado, o mundo ocidental representava um alheiamento da fé e até mesmo uma postura francamente hostil contra a Igreja ao que se pensava ser um bastião de conservadorismo, um espaço fechado ao diálogo e em descompasso com a modernidade. A Igreja precisava, portanto, colocar-se de forma a trazer uma leitura da fé contextualizada àquele momento, daí que o Concílio não se ateve a estabelecer dogmas, mas traduzir o Evangelho segundo a visão Católica para seus fiéis e para o mundo, ou seja, aquele era um Concílio, como se referiu Paulo VI, pastoral e doutrinário.
Quando o Papa Bento XVI evoca este Concílio como modelo para o exercício da fé no século XXI, ampara-se na ousadia daqueles que, com ele, estenderam a mão ao mundo, como disse João XXIII em seu discurso de abertura: “...Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrinado que renovando condenações".
Possivelmente, a face mais conhecida dos resultados do Concílio Vaticano II pelos leigos católicos é a mudança do rito romano da missa, que era rezada em latim, e passou a ser celebrada no vernáculo de cada país. Entretanto, inúmeras outras áreas da vida cristã, da organização da igreja e da relação desta com o mundo e até mesmo com outras expressões de fé cristãs foram estabelecidas. Abriu-se maior espaço para o apostolado dos leigos; incluíram-se as mulheres na vida eclesial; estabeleceu-se o diálogo com as comunidades cristãs através do Ecumenismo que resultou na fundação do Conselho Mundial de Igrejas; declaram-se, como parte do ministério católico, a defesa da liberdade, especialmente a religiosa, as dignidades humanas; a formação e a educação dos ministros; a comunicação social, entre tantos outros objetivos e forma que a Igreja ganhava em sua relação com o mundo.
No que isso nos toca, como comunidade? São Luís completa 400 anos e todos que conhecem sua história sabem que a marca da fé a percorre, especialmente em seus momentos decisivos. Uma cidade mais humana, acolhedora, plural e democrática pode ter na fé uma aliada pelo bem comum, pois esta costuma ser irmã da esperança.
A história humana é dinâmica, porém, em cada tempo, no exercício de atualizar valores eternos está a fé. Não significa abdicar ou tergiversar sobre princípios, mas dizê-los à luz da compreensão das pessoas em cada momento. Como a exemplo do amor, da dignidade humana, da salvação, da justiça e da verdade, apenas para citar alguns, a despeito de controvérsias filosóficas que podem suscitar, no sentido da fé, eles têm sua completa tradução na pessoa de Jesus Cristo mediante a vida que viveu, modelo perene para cada cristão, em qualquer época, sob qualquer cultura ou regime político.
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, ACM e AMC
Publicado em O Estado do Maranhão em 28/10/2012
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