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Palavra do Reitor

Uma homenagem a Bacelar Portela

No livro "A quintessência do desassossego", ao citar seu heterônimo Alberto Caeiro, Fernando Pessoa vaticina: " (...) porque sou do tamanho do que vejo". Há homens grandes porque conseguem ver longe e muito além. Assim podemos nos referir ao médico, cientista, humanista e culto dr. João Bacelar Portela, figura ilustre homenageada na última sexta­feira (26) ao lado de dom Delgado ­ sobre este tive a oportunidade de falar com mais detalhes em artigos anteriores. Esta homenagem se realizou com a entrega de bustos confeccionados de suas imagens para serem expostos no novel prédio da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão ­ UFMA, reinaugurado com amplas e modernas instalações para atender aos anseios dos docentes e discentes da área.

O reconhecimento é justo, pois na ata das reuniões preparatórias para a fundação da Faculdade de Ciências Médicas, que data de 28 de fevereiro de 1957, o dr. João Bacelar Portela foi um dos que se fizeram presentes e, mais tarde, teve a honra de ser o primeiro diretor dessa nova faculdade.

Por coincidência do destino, a autorização para o funcionamento da faculdade de Ciências Médicas se deu com a publicação do Decreto nº 45.941, de 3 de julho de 1958, no mesmo mês da ocorrência dessa homenagem. Após o vestibular, as aulas se iniciaram no dia 28 de julho, com 25 alunos, funcionando no segundo andar do Hospital Presidente Dutra, que havia sido cedido pelo Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (I.A.P.C). A concessão foi assinada por Juscelino Kubitschek de Oliveira, então presidente da República.

A história também registra ser o dr. Bacelar Portela um dos expoentes que se irmanaram ao sonho de dom Delgado pela criação da Universidade Católica do Maranhão e fundação da Universidade do Maranhão, vindo posteriormente a integrar o Conselho da UFMA, onde teve ainda a oportunidade de exercer o reitorado de forma interina. No governo de Newton Belo, exerceu o cargo de secretário de Saúde. No âmbito da pesquisa da ciência médica, ganhou destaque com um trabalho a respeito das infecções no campo da obstetrícia, que foi apresentado às Jornadas Médicas Maranhenses. Pelo seu desvelo na área, em razão de ser autor de diversos outros estudos relevantes, galgou o posto de patrono da Academia Maranhense de Medicina do Maranhão, cadeira de número 19.

"O ato de ver exige distância", diz Rubem Alves. João Bacelar Portela não foi apenas um médico dedicado, apaixonado pela pesquisa, ele também enxergava poesia, literatura, história. Na Academia Maranhense de Letras, ocupou a cadeira de número 36 (para a qual foi eleito em 1950) e se dedicou a estudar e a escrever sobre Gonçalves Dias, Tasso Fragoso, Nina Rodrigues, Sousândrade e Joaquim Gomes de Souza. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e, conforme registra a história, proferiu o discurso de inauguração da Faculdade de Filosofia de São Luís no salão nobre da Academia Maranhense de Letras.

Bacelar Portela era natural de Santa Quitéria, interior do nosso Estado. Antes de se formar médico no Rio de Janeiro, teve a oportunidade de estudar Engenharia e Farmácia. De volta ao Maranhão, estabeleceu­se em São Luís, onde alcançou prestígio e fama também como professor, tanto de colégios quanto de faculdades. Em vida, foi honrado com o título de professor emérito da Universidade Federal do Maranhão e também integrou como membro titular o Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Foi distinguido com a Medalha de Cavaleiro da Ordem de São Silvestre e, por ocasião da comemoração do nascimento do poeta Gonçalves Dias, recebeu a medalha de mesmo nome, outorgada pela Academia Maranhense de Letras. Nascido no mês de junho, sua morte (outra coincidência) deu­se em 31 de julho de 1978, mas seu legado atravessou gerações.

Mário Quintana diz que "se as estrelas são inatingíveis/ isso não é motivo para não querê­las/ que tristes os caminhos/ se não fora a presença mágica das estrelas". Nesse sentido, pode­se dizer que Bacelar Portela foi uma estrela que inscreveu seu nome na história por acreditar na superação dos desafios, na força da fé, no alcance de um mundo melhor. E se o que resta de grandezas para nós são os desconheceres, como afirma o poeta Manoel de Barros, Bacelar Portela muito contribuiu com o saber médico ao abrir um caminho onde todos os discípulos de Hipócrates podem trilhar de forma mais segura. Por tudo isso, desejamos vida longa à memória de Bacelar Portela e à de dom Delgado!

Doutor em Nefrologia, Reitor da UFMA, membro da AML, do IHGM e da AMM

Publicado em O Estado do Maranhão, em 05/07/2015

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