Palavra do Reitor
O título deste artigo faz menção à aprovação, pelo Conselho Superior da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), da criação de títulos de Doutor Honoris Causa a serem conferidos em vida ao poeta Nauro Machado e a outros dois in memoriam: o médico, ex-prefeito de São Luís e ex-governador do Maranhão Jackson Lago e Dom José Delgado, personagem fundamental para a existência dessa Instituição de Ensino, sobre quem tive a oportunidade de discorrer em uma série de quatro artigos.
Saliente-se que fiz questão de indicar para apreciação do Conselho o nome desses três homens ilustres por acreditar que cada um, a seu modo, não só engrandeceu, mas também dignificou nossa terra. Essa indicação foi importante porque, como bem diz o enunciado non in solo pane vivit homo (ou seja, nem só de pão vive o homem), é preciso mostrar, lembrar e elevar seus feitos que influenciam positivamente a sociedade maranhense.
Por esse motivo, começo a falar de Nauro Machado, que é ícone da literatura do Maranhão, pois as ruas de São Luís já o viram milhares de vezes desfilar sua inconfundível figura de chapéu, sempre com um guarda-chuva e olhos atentos, como se quisesse decifrar tudo e todos à sua volta. Premiado, referenciado e reverenciado, o poeta é dono de cultura vastíssima, fruto de um sem-número de estudos, e chegou a arrancar de Drummond de Andrade a frase: “Alta e impressionante poesia”.
Tema de tantos estudos e comparações, Nauro é nosso patrimônio, isto é, a fonte que aponta que nesta terra de palmeiras os versos que aqui se fazem não são feitos como em qualquer lugar. Ele é autor de obras renomadas e traduzidas e assim se (auto) define: “Sofro o futuro na ideia de ser hoje” (Soneto número 70). Nauro Machado com certeza é digno desta augusta distinção e somos nós, a Universidade, que nos orgulhamos de finalmente acordar para esse reconhecimento.
Quanto àqueles que não estão mais entre nós, inicio por Jackson Kepler Lago, natural do município de Pedreiras, que, além de ter inscrito seu nome na história política do Maranhão por comandar a prefeitura de São Luís por três vezes e ter sido governador do Estado, foi professor do curso de Medicina de nossa universidade, destacando-se como um dos melhores expoentes do corpo de docentes. Ele ainda fez escola, inspirando toda uma geração de médicos por seu pioneirismo em cirurgias torácicas. Ademais, foi membro do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e militante aguerrido, sua trajetória política foi lembrada este mês de junho na exposição “A Vida é Combate”, exibida na Assembleia Legislativa.
Se vivo estivesse, Jackson Lago teria feito 80 anos neste ano de 2015. Foi também Secretário de Saúde do Município de São Luís, Secretário de Saúde do Estado, deputado estadual – tendo marcado seu mandato por discursos contra a violência no campo e a grilagem. Quem conviveu de perto com Jackson sabia de sua afinidade com questões sociais, da admiração que ele tinha a Leonel Brizola (de quem foi amigo pessoal), do respeito aos companheiros de militância de décadas e da simplicidade com que encarava a própria vida.
E, por último, o que dizer de Dom Delgado? Na série de artigos que publiquei, procurei traçar, ainda que de forma breve, um retrato desse grande sacerdote, a quem chamei de um homem visionário. Não por acaso, recentemente, o Conselho Universitário também aprovou o batismo do Campus do Bacanga de Cidade Universitária Dom Delgado. Paraibano de nascimento e com fortes raízes em terras norte-grandenses, Dom Delgado passou menos de 10 anos no Maranhão (1951-1963), onde, na condição de arcebispo e homem profundamente engajado em causas sociais, promoveu uma verdadeira revolução no ensino.
A justificativa para que seu nome possa referenciar a Cidade Universitária, dentre outros fatos relevantes e meritórios por mim discorridos na série de artigos mencionada, remonta a um artigo seu, publicado, em agosto de 1960, no Jornal do Maranhão, quando Dom Delgado profetizou a existência da Cidade Universitária. Nesse artigo, o sacerdote vaticina: “A Cidade Universitária (...) terá de consumir uns 50 anos de trabalho. Alguns Arcebispos passarão pelo Maranhão. Isto a terceira geração, a contar d’agora, virá contemplá-la realizada”. Mesmo sem estar vivo para ver o resultado de seu denodado trabalho, tenho a certeza de que Dom Delgado tinha em seu coração a antevisão desta grandiosa obra que é hoje nossa Universidade.
Na epístola de São Paulo aos Filipenses, o autor da missiva recomenda a respeito de Epafrodito, um cooperador do Evangelho, o seguinte: “(...) honrai sempre a homens como esse”. Não tenho elementos para comparar Epafrodito aos homens aqui mencionados, mas reconheço que a outorga do título de Doutor Honoris Causa a Nauro Machado, Jackson Lago e Dom Delgado primeiramente honra nossa instituição e, por extensão, a cidade de São Luís assim como todo o Maranhão.
Ao honrar a memória e a vida de cada um dos agraciados, não se faz por qualquer razão que não seja o ato meritório, pois cada qual, com seu trabalho e arte, coragem e significativas ações que motivaram seus ideais, cumpriu seu papel e nos lega o exemplo que é para nossa geração e para as que ainda hão de vir.
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, da AMM, AMC e AML.
Publicado em O Estado do Maranhão em 28/06/2015
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