Palavra do Reitor
No artigo anterior, narramos que o sonho de o Maranhão ter sua própria universidade remonta aos tempos de Sousândrade, no final do século XIX (época em que a instituição receberia o nome de Atlântida). Infelizmente, o intelectual não chegou a realizá-lo.
A retomada da história universitária em solo maranhense remete à primeira metade do século XX. Em sucinto texto, porém muito bem elaborado, o padre João Dias Rezende Filho descreve sobre a instalação da Faculdade de Direito no Maranhão em 1918. A respeito desse assunto, já mencionamos detalhes no aniversário do curso de Direito da UFMA.
No ano de 1922, surge a Faculdade de Farmácia e, três anos depois, a Faculdade de Odontologia. Juntas, elas formaram a Escola de Farmácia e Odontologia do Maranhão. João Dias Rezende Filho relata ainda que, em 1948, foi criada, numa iniciativa de dom Adalberto Accioli Sobral, a Escola de Enfermagem. Essas instituições seriam, podemos assim dizer, os embriões da nossa Universidade Federal do Maranhão.
Conforme havíamos adiantado, em fevereiro de 1952 aporta no Maranhão o arcebispo dom José Medeiros Delgado, que aqui chegou para substituir o falecido dom Adalberto. Em pouco tempo, ele promoveu uma pequena revolução na área da educação e retomou a formalização da Faculdade de Filosofia de São Luís. Foi autorizado o funcionamento da faculdade em 23 de abril 1953, por meio de decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas e ministro Simão Filho. Uma vez instituída e em pleno funcionamento, sua primeira direção coube ao Cônego Ribamar Carvalho.
Acerca da Faculdade de Filosofia, importante lembrar que a criação desta instituição de ensino já havia sido idealizada e iniciada pela Academia Maranhense de Letras (AML). No ano de 1951, houve uma reunião em que foi discutida a implantação dessa faculdade entre os imortais da AML e os professores integrantes da então Fundação Paulo Ramos, destacando-se o papel ativo da igreja católica. Nessa oportunidade, os acadêmicos Clodoaldo Cardoso, Mário Meirelles e Odilon Soares também louvaram o empenho da AML na criação da Faculdade de Filosofia.
Segundo o padre João Dias Rezende Filho, a meta de dom Delgado era ambiciosa: criar uma universidade católica que juntasse a recém-criada faculdade de Filosofia às já existentes faculdades de Farmácia e Odontologia, de Direito e à Escola de Enfermagem. Em 29 de janeiro de 1955, este homem visionário deu mais um passo nesse sentido, ao instituir a Sociedade Maranhense de Cultura Superior (SOMACS). O objetivo dessa sociedade era criar uma biblioteca, um teatro, um museu e faculdades superiores que culminariam numa grande universidade católica. Uma curiosidade é que o presidente da SOMACS, conforme o Estatuto, na parte de Administração, art. 2º, § 1º, seria o arcebispo Metropolitano. Lembra também o mencionado padre que, em todas estas iniciativas em prol da educação superior no Maranhão, a Igreja sempre teve o apoio da Academia Maranhense de Letras.
Ainda em outubro de 1955, dom Delgado, representando a Arquidiocese, cede, de forma gratuita e sem prazo definido, o Palácio Cristo Rei para abrigar a Faculdade de Filosofia. No contrato de comodato firmado entre a Arquidiocese e a Fundação Paulo Ramos, coube a esta última a manutenção da Faculdade de Filosofia e àquela a cessão do prédio e a indicação de cinquenta por cento dos professores. A mesma divisão se daria com o Conselho Administrativo, cujos membros seriam indicados pela Arquidiocese e Fundação Paulo Ramos, em caráter paritário. Esse mesmo acordo teria sido inicialmente feito com dom Adalberto e posteriormente retomado por dom Delgado.
Embora o Maranhão já contasse com a Escola de Enfermagem, de nível superior, era necessária a criação de um curso de Medicina. Mais uma vez, ficou a cargo de dom Delgado o protagonismo dessa missão: em 20 de fevereiro de 1957, ele criou Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão, cujo decreto de autorização de funcionamento, número 43941, foi publicado em 3 de Julho de 1958. Entretanto, com quase três turmas formadas, não havia o reconhecimento por parte do Ministério da Educação. Por esse motivo, o dirigente da instituição, o professor Pedro Neiva de Santana, partiu para o Rio de Janeiro com a finalidade de resolver a questão. Os desdobramentos dessa história e os outros passos de dom Delgado na busca da realização do sonho de criar uma universidade no Maranhão narraremos no próximo artigo.
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, da AMM, AMC e AML.
Publicado em O Estado do Maranhão em 17/05/2015
Solenidade de Professor Emérito 30.10.2020
Discurso realizado durante a Colação de Grau de alunos do Câmpus de Chapadinha, no dia 22 de maio
Solenidade de Transmissão de Cargo Gestão (2019-2023)
VIII Encontro de História da Educação
Colação de Grau Campus Grajaú 2014.2
Discurso das Universitárias/2014
Discurso em comemoração aos 160 anos da Associação Comercial do Maranhão
Discurso da entrega do Título de Doutor Honoris Causa à professora Denice Barbara Catani
Discurso da Abertura do VII Encontro Maranhense de História da Educação
Discurso proferido por ocasião da outorga do título de Doutor Honoris Causa a Ignácio Rangel
O HUUFMA é e continuará sendo um hospital público”, afirma Natalino Salgado
Casa do Estudante será entregue no segundo semestre de 2014, afirma reitor da UFMA
Discurso em Pinheiro: Título de Cidadão Pinheirense
Discurso de Posse na Academia Maranhense de Letras
Uma viagem pela bela história do curso de Turismo da UFMA
Discurso de Abertura da 64ª SBPC
Discurso em Pindaré Mirim: Título de cidadão pindareense
9º Congresso Internacional de Nefrologia
Acordes para o tratamento renal
Quando tudo isso vai terminar?
Homenagem do reitor Natalino Salgado ao acadêmico da AML Sálvio Dino
Por uma nova versão da história
E se deixasse de haver ciência?
Homenagem do reitor Natalino Salgado ao acadêmico da AML Milson Coutinho
Homenagem do Reitor Natalino Salgado ao acadêmico da AML Waldemiro Viana
Tempos pandêmicos para secretas lições
Moby Dick, para uma macroscopia do coronavírus
Saúde e educação nas entranhas da cidade
Medicina e Literatura: mais que a vida
Os vírus, as pandemias e as alterações históricas
O vírus, o próprio homem, o racismo e outros inimigos
O cenário das pragas na vida e na literatura
E as lanternas continuam acesas
O gigante aliado no combate ao mal
Doença renal: a prevenção começa na infância (II)
O (velho) novo problema da corrupção
Luzes para Domingos Vieira Filho
Novos cenários para a inovação tecnológica
Uma homenagem a Bacelar Portela
Um poeta, um estadista e um sacerdote
Dom Delgado, um homem visionário (IV)
Dom Delgado, um homem visionário (III)
Dom Delgado, um homem visionário (II)
Dom Delgado, um homem visionário (I)
Páscoa: vida nova a serviço do próximo
A Baixada Maranhense e a sua vocação para a grandeza
Um clamor pelos novos mártires
Novos caminhos para a educação
Ensino para além do tempo e da distância
Arqueologia, mais uma área de conquista da UFMA
O papel protagonista da Associação Comercial do Maranhão
Festival Guarnicê de Cinema: a magia sobrevive (III)
Festival Guarnicê de Cinema: a magia sobrevive (II)
Festival Guarnicê de Cinema: a magia sobrevive
A justiça mais próxima do cidadão
Ubiratan Teixeira: múltiplos em um só
O legado de fé dos santos juninos
Sisu: democratização no acesso ao Ensino Superior
Espaço de celebração e valorização da cultura
Considerações sobre pecado e redenção
Páscoa, libelo em favor da liberdade
Anchieta, história de fé e amor pela educação
Um código de conduta para a rede
Extensão universitária: de braços abertos para a comunidade
Cuidar dos rins é viver melhor
Os (des) caminhos da violência
Pinheiro e Imperatriz, novo celeiro de médicos
A luz que vem da fé (considerações acerca da Epístola do Papa Francisco)
Conhecimento que desconhece fronteiras
Novos passos rumo à melhoria do ensino
Confissões antigas sobre o Maranhão
Oportunidades e melhorias no cenário da saúde
A ética como aliada da ciência
Voto e democracia, simbiose perfeita
Um desafio para o sistema educacional
Pausa para equilíbrio e reflexão
Um presente à altura de São Luís
Educação que liberta e transforma
Quando prevenir, de fato, é melhor que remediar
Interiorização: caminho para a emancipação
Quando o meio é a própria mensagem
Mais que um homem: uma lenda (parte II)
De poesia e de arte também se vive
Uma reivindicação justa e necessária
Vitória, fruto da perseverança
Alfabetização, primeiro passo para o desenvolvimento
Exemplo de abnegação e altruísmo
UFMA: um ano de grandes realizações
Natal, tempo de paz e boa vontade
Ensino a distância revoluciona a educação no mundo
Turismo e Hotelaria no contexto das cidades criativas
São Luís: as homenagens continuam
Energia limpa: caminho para o desenvolvimento
Investir em esporte para gerar campeões
SBPC 2012: cenário de múltiplas possibilidades
O federalismo sob ótica global
Histórias coincidentes de lutas e conquistas
Cultura Universitária x Cidade Universitária
Diversidade local como solução global
Corpus Christi: tempo de recordar para valorizar
Valorizar o passado para compreender o presente
Compartilhar saberes, legar conhecimento