Palavra do Reitor
Devido a compromissos anteriormente agendados, não pude me fazer presente no lançamento do documentário “A Estrela e o Vagalume: Carlos & Zelinda”, que narra a trajetória desses dois grandes ícones da cultura do Maranhão. O documentário, que conta com a trilha sonora composta especialmente por Zeca Baleiro, foi idealizado pelo poeta Celso Borges, que assinou o roteiro e a edição dessa obra, ao lado do cineasta Beto Matuck. Além desses nomes, temos Cláudio Vasconcelos e Maurício Vasconcelos, que assinam o projeto gráfico.
Ao longo de 52 minutos, por meio de conversas gravadas, ainda em 2006, com Zelinda e Carlos Lima (que nos deixou em 2011), filhos e amigos, é possível ter uma noção da rica trajetória pessoal e profissional que esse casal imprimiu à história do Maranhão. Afinal, falar de cultura em nosso estado referente ao período da segunda metade do século XX obrigatoriamente requer a menção ao nome desses dois, que elegeram a paixão pelas artes, gastronomia, lendas, teatro e folclore de nossa terra como tônica de suas vidas.
A simbiose entre ambos era perfeita. Ao assistir à reportagem sobre o lançamento do documentário, chamou-me a atenção a fala de Zelinda Lima, cuja convivência de várias décadas ao lado do marido solidificou um amor daqueles que no dizer de Adélia Prado “uma vez encontrado, é igual a fé, não teologa mais”. Zelinda confessou ao repórter sentir sempre a presença do marido, como se ainda vivo estivesse.
Tive o privilégio de conhecer de perto esse casal. Certa vez, quando morava em São Paulo, onde fazia pós-graduação, fui procurado na condição de médico por Carlos Lima para atender alguém de sua família. Estabelecemos uma excelente relação de amizade e entre nós havia consideração e respeito mútuos, amizade esta que se estendeu à filha do casal, Professora Deborah Baesse, do Departamento de Educação da Universidade Federal do Maranhão.
Não esqueço quando, há muitos anos, Carlos foi o primeiro imortal da Academia Maranhense de Letras (ele ocupava a cadeira de número 7) a externar que me queria ver lá como seu confrade. Ele também foi membro da Comissão Maranhense de Folclore e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Autodidata, publicou, sempre baseado em pesquisas aprofundadas e sérias, 18 livros de temáticas variadas, além de outros cinco que deixou já concluídos, incluindo um de memórias. Seriedade essa que convivia de forma perfeita com seu jeito simples, descontraído e bem-humorado. Carlos sempre tinha um “causo”, uma piada ou história pronta para contar. Foi também ator, cordelista e caricaturista: múltiplos em um só.
Quando de sua passagem, a Folha de São Paulo publicou seu perfil, destacando que ele soube conciliar sua trajetória de funcionário público com a de pesquisador e escritor apaixonado, habilidade que nem todos conseguem ter. Carlos Lima assim o fazia, pois isso não lhe era nenhum sacrifício. Pelos seus escritos, pode-se perceber que o prazer pelo ofício marcou toda a sua obra.
Já Zelinda Lima se dedicou a pesquisar e registrar as características da culinária, azulejos e rezas do Maranhão, tendo suas obras alcançado renome inclusive no continente europeu. No ano passado, por ocasião de mais uma edição da Feira do Livro, ela foi homenageada ao ter seu nome batizado o espaço criado no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, com a exposição “Coisas de Zelinda”. Sobre Zelinda, destaco em especial as obras “Pecados da gula” e “Inventário do Patrimônio Azulejar”, esta última é fruto de uma rica pesquisa que levou três anos para ficar pronta.
“Como aferir, em cada ser, a parte que tem raiz numa insondável arte”, questiona outro Carlos, o Drummond, em poesia. Carlos e Zelinda Lima inscreveram sua paixão e a deixaram como legado em escritos, em falas, em obras. O documentário, apesar de apresentar um tempo exíguo, com certeza é um vislumbre para que esta e outras gerações possam conhecer um pouco mais da nossa rica história e das nossas tradições.
O legado do casal, definitivamente, contribui para uma compreensão mais profunda e verdadeira do Maranhão. Entender a nós mesmos é um caminho de descoberta, a viagem mais reveladora para estabelecermos uma relação de amor e respeito por quem nós somos. Por tudo isso, somos gratos e devedores a Carlos e Zelinda Lima, que construíram um sólido trabalho que os imortaliza no coração, na alma e memória de todos nós.
P.S. Fiquei feliz em saber que toda a renda obtida com a venda dos DVDs será destinada às obras de restauração da Capela Bom Jesus dos Navegantes, incluindo as pinturas antigas que lá estão localizadas, na igreja de Santo Antônio. O patrimônio e a cultura agradecem!
Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, da AMM, AMC e AML.
Publicado em O Estado do Maranhão em 14/12/2014
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