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Palavra do Reitor

Novos caminhos para a educação

Um dos pensadores mais badalados da atualidade, o filósofo francês Pierre Lévy, esteve no Brasil para participar do encontro internacional “Educação 360”, promovido pelos jornais EXTRA e o Globo nos dias 5 e 6 de setembro. Em entrevista aos jornalistas brasileiros, ele defendeu o que chama de “conhecimento colaborativo”, que servirá não só para resolução de questões de uma prova, por exemplo, como também para a vida de quem o adquire; falou sobre a utilização de novas mídias a favor do ensino; afirmou o que acredita que seja o papel do professor no futuro (o de um guia); e, por fim, vaticinou: “não há conhecimento sem esforço”.

A fala de Lévy é marcante, pois ele tem se dedicado a estudar esse admirável mundo novo (expressão esta que nos remete à obra-prima de Aldous Huxley), no qual a educação adquire contornos que exigem, tanto do professor como do aluno, novas maneiras de ensinar e de aprender. Infelizmente, antes que se possa discutir esse novo cenário, o Brasil precisa debelar um legado negativo – fruto de décadas de atraso – com a priorização de questões que podem alicerçar uma educação emancipadora e libertadora como, por exemplo, o investimento maciço na formação de novos professores, a adoção de critérios de meritocracia para o reconhecimento desses profissionais (que inclui muito mais do que a valorização do salário), a reformulação dos currículos de ensino e o estímulo para que alunos se sintam desafiados a alcançar novos patamares.

Ademais, o filósofo asseverou que o professor deve trabalhar numa perspectiva multidisciplinar, a exemplo do que já ocorre nas escolas americanas e europeias. Para a realidade brasileira, acredito que apenas importar por importar os modelos que são trabalhados lá fora não é uma alternativa sensata, uma vez que aqui ainda há – como já foi dito anteriormente – outros patamares a serem galgados, os quais começam justamente no estabelecimento de políticas públicas que ultrapassam o prazo dos mandatos dos dirigentes. Afinal, mais que um programa de governo, a educação é e deve ser uma política de Estado a ser abraçada por todas as famílias e por toda a sociedade.

O Plano Nacional para Educação recentemente sancionado prevê aplicação de 10% do PIB até 2024. Essa iniciativa é válida, porém o mais importante não é unicamente a disponibilização de recursos financeiros, mas também a qualidade na aplicação. O Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (IDEB), apurado a cada ano a partir de metas qualitativas estabelecidas pelo Ministério da Educação, avalia a evolução do ensino desde o nível fundamental até o ensino médio. O Brasil tem avançado nas séries iniciais; contudo, as séries do final do ciclo fundamental não têm apresentado rendimento escolar que corresponda às metas esperadas, resultando assim em altas taxas de reprovação e abandono.

O fortalecimento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que foca na segurança alimentar e nutricional, ajudou o país a superar o flagelo da fome, inclusive as metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), e, além disso, contribui para a manutenção dos alunos de baixa renda nas escolas. Somente este ano, foi repassado pouco mais de 400 milhões de reais aos municípios e estados. De qualquer maneira, a fiscalização da sociedade e a gerência administrativa continuam sendo os pilares que farão com que os recursos sejam maximizados. O PROUNI e o FIES são outros mecanismos – o primeiro realiza concessão de bolsas; o segundo, financiamento estudantil para o ensino superior – que potencializam e diversificam as formas de ingresso nas faculdades.

Há pouco mais de 80 anos, quando nasceu o Ministério da Educação, órgão naquela época responsável pelas atribuições atinentes à saúde pública, que foi posteriormente desmembrado (em 1953), o Brasil tem apresentado modelos diversos e um discurso quase sempre atrelado ao aumento de recursos. É fato que, do ponto de vista do investimento por aluno, aplicamos 1/3 do que investem países desenvolvidos. Sobre este tema, vale a leitura de um livro recente e esclarecedor do especialista Gustavo Ioschpe, cujo título é “O que o Brasil quer ser quando crescer?”, em que o autor desconstrói mitos sobre a educação brasileira, baseados em dados nacionais e internacionais que desvelam fragilidades e potenciais brasileiros, em particular a disparidade entre gastos e resultados. 

A UFMA, embora seja uma instituição de Ensino Superior, tem voltado seu olhar também para o fortalecimento do Ensino Médio, através de programas como o PNAIC (Programa Nacional para Alfabetização na Idade Certa), em que atua como parceira dos municípios e estado, ofertando sua expertise por meio de seus técnicos e professores. O analfabetismo (na faixa de 15 anos ou mais de idade) é um dos problemas ainda não vencidos pelo Programa, apesar de as estatísticas apresentarem diminuição de sua incidência no país. Registre-se que o Nordeste ostenta, desde 2013, os mais altos índices de todas as regiões brasileiras, 16,6%. Em paralelo, a UFMA operacionaliza o PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), cujo principal objetivo é prover o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica mediante o fornecimento de bolsas para alunos de licenciatura, em parceria com escolas de educação básica da rede pública de ensino.

Há muito a ser feito. Existem boas estratégias, todavia cabe a nós, enquanto parte da maior e melhor universidade pública do Maranhão, manter o rumo que produzirá, a seu tempo, desenvolvimento, crescimento e a verdadeira justiça social que não torna simplesmente as pessoas iguais, mas lhes dá a oportunidade de se realizarem.

Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, da AMM, AMC e AML.

 

 Publicado em O Estado do Maranhão em 19/10/2014

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