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Por Maycko Passos

O artista plástico e professor da Universidade Federal do Maranhão, João de Deus mostra sua obra nas exposições, Visões Ludovicenses e Molduras e Invólucros. Ambas estão localizadas no Palacete Gentil Braga e se estenderão até o dia 14 de setembro.

A primeira é coordenada pelo artista plástico Cyro Falcão e ocupa a Galeria antonio almeida. Além de participar de Visões Ludovicenses, João de Deus mostra individualmente seus trabalhos na exposição Molduras e Invólucros, na Sala Maia Ramos no mesmo local.

Em suas obras, o artista procura mostrar a poesia dos nomes das ruas da capital, além de denunciar o estado de abandono dos prédios históricos da cidade, em especial do próprio palacete. Este, segundo o autor necessita de reformas urgentes para cumprir sua função de “motor da cultura maranhense. Ele ressalta, com bom humor, que a situação do prédio, complementou sua arte. Talvez seja a primeira vez que um artista plástico crie obras que interagem com agentes não humanos, no caso, os ratos que habitam os porões do palacete, os quais “completarão” a obra até o final da exposição.

Na obra intitulada “Beco da Bosta”, o chão está forrado com ração de porcos, tendo alguns porquinhos-cofres de cerâmica “passeando” na mesma. Os ratos estão devorando a ração e mudando totalmente a forma original da instalação. O curioso é que eles estão “comendo a ração pelas beiradas”, segundo João de Deus. Na obra Rua do Sol, cujo chão é forrado por chapéus de palha de tamanhos variados, sombreiro e sementes de girassol, os ratos estão comendo o miolo das sementes e espalhando as cascas por outras obras, modificando-as.

Compõem ainda a mostra as obras Rua da Paz, Rua da Estrela, com fotos de artistas e esportistas de São José de Ribamar coladas no chão, emolduradas por outras de artistas nacionais e internacionais. Além da Rua das Flores, forrada com folhas e galhos secos, sementes de juçara e maracás de bumba-bois enfeitados com fitas coloridas, numa alusão ao colorido do São João, flores de som e de cores em sua alegria. Complementam a mostra a Rua da Fé, com obras do artista Eduardo Sereno e Largo dos Amores, com maçãs no chão, que se referem ao simbolismo ambíguo de amor e pecado representado pela maçã.

Todo o material da exposição foi adquirido no Mercado central, que segundo o autor é um depositário da memória e das tradições maranhenses, o que nos leva a pensar nesse constante diálogo entre o velho e o novo, pois nem tudo é totalmente novo, nem totalmente velho. Reflexão fundamental no mundo das artes e da Educação. As placas com os nomes das ruas e que estão coladas no chão foram adquiridas na Praia Grande, em casas de artesanato.

João de Deus pretende levar, ainda neste mês, a exposição para outros municípios do Maranhão, como Viana e São José de Ribamar. Outros estados também estão nos planos, começando por Recife,de 28 a 31 de outubro, durante o XIV Ciclo de Estudos do Imaginário, a ser realizado na Universidade Federal e Pernambuco.

RELAÇÃO DAS OBRAS

GALERIA ANTONIO ALMEIDA (Visões Ludovicense): Rua do Sol, Rua da Inveja, Rua das Flores, Rua da Alegria, Beco da Bosta, Beco do Quebra Bunda, Rua da Fé e Largo dos Amores e uma pintura “Visagens”, acrílico sobre tela.

SALA MAIA RAMOS (Molduras e Invólucros): Rua da Paz, Rua da Estrela e Rua do Giz