UFMA

O Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), vinculado a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em parceria com o Brazilian Spine Study Group (BSSG) e com o apoio da empresa Medtronic, realizou, nos dias 11 e 12 de dezembro, triagem com 50 pacientes que aguardam na fila do hospital para uma cirurgia de escoliose (deformidade da coluna vertebral). Além da redução da fila por conta das suspensões das cirurgias eletivas durante a pandemia, o mutirão também proporcionará aos residentes uma oportunidade a mais de aliar teoria e prática, tão essenciais para a formação profissional.

Essa foi a primeira fase, na qual, dos cinquenta pacientes que passaram por avaliação prévia das condições clínicas para a devida indicação do tratamento cirúrgico, foram selecionados 24. Os pacientes já faziam parte da fila de espera para a cirurgia, mas, por conta da atuação do HU-UFMA nas atividades de enfrentamento à covid-19, como medida de segurança, priorizaram-se na ocasião as atividades específicas, suspendendo as cirurgias eletivas. Já a segunda fase, a das cirurgias, ocorrerá no período de 30 de janeiro a 5 de fevereiro de 2021.

O médico ortopedista (SP) e membro do BSSG Raphael Pratali explica o processo de seleção para a cirurgia. “O primeiro passo é a avaliação dos pacientes e identificação dos melhores casos para serem operados e que terão mais benefícios com a cirurgia, com melhor potencial de bom resultado e também mais didáticos e acadêmicos, pensando não só no benefício dos pacientes, mas para toda a Instituição, incluindo a parte acadêmica para os residentes, a parte de treinamento para toda a equipe que vai cuidar do paciente após a cirurgia, como enfermagem, fisioterapia, entre outros.”

O chefe do serviço de ortopedia do HU-UFMA, Sebastião Vieira, destacou a importância desse momento. “A ação beneficiará muitas pessoas que aguardam pela cirurgia. É uma maneira de aliviar a dor e as dificuldades trazidas por esse tipo de deformidade, permitindo a elas maior mobilidade e desenvolvimento de atividades que antes não podiam.”

Para o adolescente João Guilherme, essa será uma oportunidade de melhorar sua condição de saúde. “A cirurgia me dará uma melhor qualidade de vida”, pontuou ele.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a escoliose atinge mais de seis milhões de brasileiros, sendo mais frequente no sexo feminino. A escoliose é uma deformidade da coluna vertebral que pode trazer sequelas irreversíveis para alguns órgãos e sistemas, como o cardiorrespiratório e o neurológico, quando não tratadas em tempo hábil. Tem como características os ombros desnivelados, cintura assimétrica, e é comum um lado das costas ficar mais alto do que o outro quando se inclina o ombro para a frente. A intervenção cirúrgica ajuda a corrigir e impedir a progressão da deformidade, que pode acometer crianças e adolescentes na fase pré-puberal (período entre o final do terceiro ano até o início da puberdade).

Pensando em fomentar a educação e a pesquisa na área de cirurgia de coluna vertebral foi que surgiu a iniciativa do grupo BSSG, como informa o médico ortopedista (GO), Murilo Daher. “Nos juntamos com o intuito de fazer alguns estudos científicos e cursos, só depois surgiu a ideia do mutirão. Essa será a segunda edição do mutirão, a primeira aconteceu na cidade de Recife, e vimos que a iniciativa deu muito certo, o que nos motivou bastante, pois a gente vê que faz muita diferença na vida das pessoas. E a Medtronic tem sido uma parceira importante, já que eles doaram todos os implantes, que são materiais e insumos bem caros.”

Além da doação do material, a ação só foi possível pelo empenho e pela disponibilidade de toda a equipe multiprofissional do HU-UFMA, por meio da Divisão de Gestão do Cuidado, que não mediu esforços para que a triagem acontecesse, desde a avaliação médica, como também psicológica e do serviço social, e todo o suporte dos recursos diagnósticos como os exames de imagem.