UFMA

SÃO LUÍS – Uma pesquisa que investigou 53 espécies de árvores nativas da Floresta Amazônica — incluindo onze novas espécies nunca antes catalogadas — produzida pelo professor do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Maranhão Lucas Cardoso Marinho recebeu a Menção Honrosa do Prêmio Capes de Tese 2020 na área de “Biodiversidade”, em trabalho desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) entre 2015 e 2019, com orientação do professor doutor da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) André Amorim e coorientação do professor doutor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Pedro Fiaschi.

O docente da UFMA conquistou a honraria com sua tese de doutorado intitulada “Sistemática de Tovomita Aubl. (Clusiaceae) e gêneros relacionados”, quando percorreu vários estados de quatro regiões do Brasil — Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, onde há predominância de espécimes dessas plantas tropicais —, investigando em diversas coleções de herbários, entre as de maior destaque as do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Além disso, o professor também passou seis meses no Naturhistorisches Museum Wien, em Viena, na Áustria, e no Department of Organismic and Evolutionary Biology da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. 

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) enfatizou, em mensagem ao professor, que a pesquisa dele certamente será de extrema valia para o desenvolvimento e aprimoramento da área, bem como para o avanço da pós-graduação stricto sensu e do conhecimento científico de qualidade no Brasil. E é fácil entender a instituição, pois, na análise, o professor extraiu e sequenciou regiões do DNA das mais de cinquenta espécies, inferindo o parentesco entre as plantas e quais características foram mudando ao longo do processo evolutivo.

O trabalho científico permitiu a descoberta de onze novas espécies e até mesmo de um novo gênero botânico, que consiste em um grupo de árvores com características morfológicas diferentes das tovomitas – grupo central da tese –, e que estão presentes em extensão que vai da Nicarágua até a Bolívia. Lucas Marinho nomeou este novo grupo de Arawakia, em homenagem à língua Arawak falada por povos indígenas deste mesmo território, entre a América Central e América do Sul.

O pesquisador frisou que o trabalho ganha ainda mais importância tendo em vista a necessidade do reconhecimento científico das plantas, além da questão da proteção ambiental. “Muitos entendem esta tese como pesquisa de base, porque precisamos saber mais sobre biodiversidade. Muitas dessas plantas estão em lugares que estão sofrendo todo tipo de ameaça, e algumas poderiam até desaparecer antes mesmo de serem conhecidas pela ciência. Nós precisamos de formação de recursos humanos e incentivo financeiro nessa área, porque é com base no conhecimento das espécies que outros pesquisadores poderão avaliar as suas propriedades úteis, na medicina, nos cosméticos, no tratamento da população em geral”, completou.

Lucas Marinho também declarou que se sente muito honrado por ter sua pesquisa selecionada com a Menção Honrosa pela Capes entre mais de 1.400 teses submetidas por programas de pós-graduação de todo o Brasil. “É um orgulho muito grande representar meus colegas entre tantas teses maravilhosas, e estar entre as primeiras do País na área de biodiversidade mostra que foi um trabalho bem-feito, reconhecido, é uma alegria tanto pra mim quanto para os meus orientadores”, finalizou.

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Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Luciano Santos
Última alteração em: 05/10/2020 20:43