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1. Há + atrás

Ontem, escutei a canção “Poema”, interpretada por Ney Matogrosso, e, num trecho intermediário, há os seguintes versos:

              “(...) Pela beleza do que aconteceu
              Há minutos atrás”.

Percebi que o pleonasmo está mais presente em nosso dia a dia do que podemos notar. Observe este outro exemplo em que se utiliza erradamente o pleonasmo:

Mudei-me para esta cidade há uns cinco anos atrás.

O PLEONASMO é uma figura de linguagem, recurso estilístico utilizado na literatura, para realçar certas ideias, servindo de reforço e embelezando o texto.

                As lágrimas que chorei, chorei-as em vão.

É claro que quem chora, chora lágrimas, mas nesse caso se observa a valorização do texto com o reforço da ideia. Esse é o pleonasmo poético. No entanto utilizá-lo na prosa (texto não poético) deve ser evitado. No exemplo dado, temos dois vocábulos que dão ideia de passado: há e atrás. Se ambos são semanticamente idênticos, é melhor usar somente um deles, como nestes exemplos corrigidos:

              Nós nos conhecemos há muito tempo.

              Nós nos conhecemos muito tempo atrás.

A frase fica mais elegante com a extirpação da redundância. Corrigindo o exemplo inicial:

              Mudei-me para esta cidade há uns cinco anos.

ou          Mudei-me para esta cidade uns cinco anos atrás.

 

2. Alternativa

Os pleonasmos chegam de mansinho e se instalam na língua falada como uma erva daninha. E, de tão comuns, fica até difícil detectar que se trata de uma infração às regras gramaticais. Esse erro comum é frequentemente cometido com o substantivo alternativa. Observe:

              Precisamos de outra alternativa para sanar nossos débitos.

No vocábulo alternativa, temos o radical latino alter, que significa outro, evidenciando a redundância no discurso, uma vez que a palavra alternativa já informa que se trata de outro. Concluímos, então, que a forma correta de dizer é:

              Precisamos de uma alternativa para sanar nossos débitos.

 

3. Amigo pessoal

Certamente você já cometeu o erro com a expressão “amigo pessoal”, como no exemplo abaixo:

              O novo ministro da educação é meu amigo pessoal.

Em sua escola ou empresa, você convive com outras pessoas, que são seus colegas ou companheiros. Esse companheirismo é uma relação que foi determinada pelas circunstâncias e pelo ambiente de convivência. Já a amizade pressupõe uma relação pessoal, por isso a palavra amigo dispensa o acompanhamento do adjetivo pessoal. Diga somente:

                O novo ministro da educação é meu amigo.

Como seria um amigo impessoal?

 

 

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Acesse as edições anteriores da coluna “Segunda do Português”.

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Revisão: Jáder Cavalcante

Texto: JADER CAVALCANTE DE ARAUJO
Última alteração em: 01/10/2020 18:50