UFMA

 

IMPERATRIZ – O Centro Acadêmico do curso de Pedagogia (Caped) da UFMA, Câmpus de Imperatriz, realizou, na noite de quarta-feira, 9, a Acolhida Virtual aos estudantes do curso. O bate-papo abordou a temática “Experiências Formativas em Educação Inclusiva: Interlocuções e Práxis Pedagógicas”, com o objetivo de discutir a educação inclusiva na prática, avançar na teoria e encontrar ferramentas para promover a acessibilidade e inclusão na Universidade.

Dessa maneira, o estudante cego do sétimo período de Pedagogia, Raimundo Marques, trouxe suas experiências de ensino-aprendizagem e obstáculos já vencidos da sua vida educacional. “O processo de ensino-aprendizado na infância ocorreu por meio dos irmãos que repetiam em voz alta as palavras e letras. Eu aprendi a ler sem ter contato visual ou tátil com os livros. Por não ter tido a prática da leitura e nem material suficiente, eu não domino a leitura do braille, mas é fundamental que a criança com baixa visão ou cega tenha logo acesso ao sistema braille, porque ele é essencial no processo de leitura manual e no desenvolvimento do aprendizado”, relatou.

O discente tem desenvolvido, junto com os colegas, práticas formativas nas escolas municipais de Imperatriz e pretende fundar uma associação de cegos na cidade. “Buscamos aliar a teoria e a prática naquilo que deve ser feito em relação à educação para os estudantes cegos. Esperamos, assim, que não haja mais essa reprodução de estudantes com deficiência visual que ouvem e falam, mas não leem e não produzem suas atividades. Buscamos, em suma, a autonomia deles no seu próprio processo de aprendizagem”, contou.

Já a mestranda em Educação da UFMA Marcella Arraes Castello Branco iniciou seu discurso provocando os participantes com os seguintes questionamentos: O que é incluir? E como isso ocorre para pessoas que nascem ou adquirem uma deficiência ao longo da vida? Por que falar em inclusão de alunos com algum tipo de deficiência que já estão dentro da Universidade? Como eu percebo essa inclusão dentro da Universidade? Eu entendo qual é o meu lugar dentro desse processo enquanto professor ou aluno?

“A inclusão é um processo mais complexo, que envolve uma questão que vai além de estar no lugar. Existem inúmeros fatores que vão afetar a inclusão — o pertencer, o estar, o ser colocado, o direito de acesso, os professores especializados, suporte, recursos pedagógicos, entre outros. Todos nós, professores e alunos, temos um papel a desempenhar dentro desse processo”, frisou.

Segundo Marcella, os estudantes com deficiência vão encontrar diversos entraves na educação: as barreiras de ordem estrutural e física; os recursos pedagógicos e materiais; os recursos humanos capacitados e especializados; a ausência de adaptação curricular e as barreiras atitudinais.

“Na minha perspectiva, a maior barreira maior são as atitudes. Se não acreditarmos no processo de inclusão, não mudaremos nossa postura diante de uma pessoa com deficiência, não faremos um bom trabalho como professor e não seremos um bom colega de turma. As nossas atitudes são condizentes com aquilo em que acreditamos. Falar bonito é muito bom, mas, se você não tem uma ação pedagógica e não se sente estimulado em estar em constante transformação, você não tem práxis”, finalizou.

Veja na íntegra todos os depoimentos do Acolhimento Virtual do Caped UFMA.

 

 

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Produção: Marcos Paulo Albuquerque
Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Câmpus Imperatriz
Texto: Maiara Pacheco
Última alteração em: 11/09/2020 16:49