UFMA

SÃO LUÍS – Diversos trabalhadores tiveram seus salários afetados durante o período da pandemia, muitos foram dispensados e/ou afastados de seus trabalhos, o que afetou diretamente a renda familiar. Não foi diferente com muitos estudantes da rede pública e privada de ensino, que tiveram que se reinventar para sobreviver durante este processo e conseguir custear despesas básicas, como água, energia e alimentação.

Assim foi o caso do estudante do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e integrante do Laboratório de Estudo de Vetores (LEV) do Departamento de Biologia (Debio) da Universidade Federal do Maranhão, Ramison Pinto Nunes Júnior, que buscou, na arte de confeccionar biscuit de personagens da série de jogos eletrônicos e anime Pokémon, uma forma de sobreviver financeiramente durante o período do coronavírus, além de controlar a sua ansiedade. Ele também falou mais sobre esse trabalho de artesanato em entrevista à Diretoria de Comunicação (DCom) da Superintendência de Comunicação e Eventos (SCE) da UFMA. Confira:

DCom – O que te motivou a fazer esse trabalho com biscuit durante o período da pandemia?

Ramison Júnior - Eu sempre fui uma pessoa que teve uma queda pelas artes, como o desenho e a pintura. Mas o artesanato com biscuit, digamos, que foi algo relativamente recente que descobri durante esse período. Debrucei-me diante de duas paixões: a arte e o universo geek, que é uma gíria inglesa utilizada para denominar fãs de tecnologia, eletrônica, jogos eletrônicos, mangás, livros, filmes e séries. A quarentena me proporcionou tempo para me dedicar e explorar novos horizontes e habilidades. O artesanato em biscuit me proporcionou meios de trabalhar a ansiedade, além de gerar uma renda para me manter durante este período pandêmico.

DCom – Mesmo não sendo o que você estuda no seu curso, pode-se dizer que houve alguma influência do curso?

RJ – Nas atividades práticas em sala de aula, sempre tento incorporar o uso de figuras dos pokémons como propostas educativas. São métodos que chamam a atenção de alunos e, também, de professores. Por exemplo, utilizo a figura de um pokémon de planta, como o Bulbassauro, para exemplificar certos conceitos de botânica de uma maneira atrativa e descontraída. Então, posso dizer que o curso ao qual sou vinculado exerce uma influência positiva na forma como ministro as minhas aulas no estágio pedagógico.

DCom – Descreva o processo de fabricação das peças:

RJ – Estou trabalhando no processo de divulgação das peças produzidas no meu Instagram pessoal e da minha marca, mas, como todo processo de iniciação, está caminhando gradativamente. Quando não tenho pedidos, procuro confeccionar peças para divulgar no feed de publicações do Instagram, montando, aos poucos, um mostruário de peças. Tento produzir as peças com base em vídeos disponibilizados na plataforma do Youtube e em outros sites. Conforme vou ganhando mais experiência, vou também moldando peças com seus próprios estilos, sem perder a essência da personagem. Um belo exemplo foi a construção do biscuit do pokémon Vaporeon, cujo vídeo de modelagem o mostrava apoiado em quatro patas. Ao finalizar a peça, pedi ao cliente que me desse mais tempo para que construísse novamente, uma vez que eu não havia me agradado do resultado. Passei então a observar os meus gatos e a maneira como eles se sentavam, e tive neles uma referência para construir aquilo que eu realmente queria. Confesso que fiquei muito feliz com o resultado, assim como o cliente também, essa foi uma das peças mais trabalhosas.

DCom – Qual foi a experiência que você absorveu durante o contato com o artesanato em biscuit e o período da pandemia?

RJ – Sempre busco evoluir a cada dia, como estudante e profissional, e, principalmente, como ser humano. Durante esse período de pandemia, tenho buscado como objetivo de vida deixar de comparar deslealmente conquistas alheias com as minhas próprias e entender que todos devemos trilhar as nossas próprias estradas e construir nossas próprias histórias. Por vezes, vejo-me pensando na existência de artistas simplesmente surreais e pensando se eu teria alguma chance de ganhar a vida com o que faço. Mas, em vez de inferiorizar-me, procuro agora me inspirar em tais pessoas e tento a cada dia crescer e chegar aonde estes artistas chegaram, com dedicação e humildade.

Saiba mais

Informações sobre o trabalho de confecção de peças em biscuit de personagens de Pokémon produzidas pelo discente Ramison Pinto Nunes Júnior podem ser obtidas pelos perfis do Instagram @ramisonnunes54 e @magicboxbiscuit.

Confira algumas peças do artista:

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Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Allan Potter
Última alteração em: 19/08/2020 09:53