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1. Panorama

A função principal da língua é comunicar, e essa afirmativa ganha eco mesmo entre os mais ferrenhos defensores do estruturalismo linguístico perfeito, o que é inatingível por todos, principalmente num país como o Brasil, com desigualdades sociais abissais. No entanto é dever de toda pessoa escolarizada buscar o aperfeiçoamento de seu discurso, até porque, na luta por melhores enquadramentos profissionais, o bom português é essencial. É no ambiente corporativo que a pessoa que deseja se destacar deve primar por uma retórica sem vícios nem coloquialismos. O pior é que, como muitos erros se eternizam no linguajar do povo, fica difícil detectar o joio e colocá-lo de lado. Vamos ilustrar essa afirmação com a palavra “panorama”, que é comumente usada erroneamente, mas as pessoas, de tão habituadas com o erro, não notam mais a infração linguística. Observe o exemplo errado abaixo:

            Baseado nas fotos, você pode ter um panorama parcial do acervo do museu.

A palavra “panorama” transmite a ideia de visão total, vista geral, pois deriva de dois radicais gregos: pan, que significa tudo; e orama, que quer dizer visão, espetáculo. Conclui-se, pois, que panorama é uma visão total, sendo descabido o uso de panorama parcial. Corrigindo o exemplo inicial:

            Baseado nas fotos, você pode ter uma visão parcial do acervo do museu.

Da mesma forma que é errado falar panorama parcial, é uma redundância o uso de panorama geral.

            O panorama geral da competição mostra o Brasil e os EUA como favoritos. (errado)

            O panorama da competição mostra o Brasil e os EUA como favoritos. (correto)

 

2. Intempestivo

Muita gente sente necessidade de demonstrar conhecimento na hora de falar, mesmo sem o ter. São pessoas que imaginam que falar bem é falar difícil. Exemplos, temo-los em abundância na sociedade, muitos deles virando alvo de chacota. Quem não se recorda da personagem Odorico Paraguaçu, encenado pelo saudoso Paulo Gracindo, que rebuscava o discurso ao máximo com “mormentes” e “marronzista” e “subversiventa”? Pois é, Dias Gomes já detectava essa tendência de deturpação linguística. São vários os exemplos, como “magérrimo” e “oportunizar”. Hoje vamos falar do adjetivo “intempestivo”, que é comumente usado num sentido diferente do que realmente significa, como se exemplifica abaixo:

            Esse garoto tem um comportamento muito intempestivo. A escola já solicitou aos pais acompanhamento de psicólogo.

Erra quem imagina que intempestivo quer dizer impulsivo, traquinas, inquieto, buliçoso. Intempestivo significa fora do tempo propício, em momento inconveniente, na hora não oportuna.

            Quando impetramos ação trabalhista contra a empresa, foi considerada intempestiva.

            O chato é aquele sujeito que só faz visitas intempestivas.

            Seu comentário intempestivo serviu para piorar o clima na reunião.

Corrigindo o exemplo:           

            Esse garoto tem um comportamento muito impulsivo. A escola já solicitou aos pais acompanhamento de psicólogo.

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Revisão: Jáder Cavalcante

Texto: JADER CAVALCANTE DE ARAUJO
Última alteração em: 23/01/2020 19:15