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SÃO LUÍS – Estimular e empoderar a literatura da comunidade surda é um dos principais objetivos do “Seminário Mãos Literárias” (Semali), que é realizado no Auditório Central da Universidade Federal do Maranhão, tendo sido iniciado hoje, 8, e vai até quinta-feira, 9. A palestra intitulada de “Arte de Sinalizar na Produção Escolar” foi apresentada na manhã de hoje pela professora Bruna da Silva Branco, do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).

Desenvolver atividades culturais referentes à identidade surda, trazendo o conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para algumas escolas da região gaúcha vem sendo o trabalho realizado pelo projeto “Arte de Sinalizar” idealizado pelo maranhense e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Cláudio Mourão.

“Nós trabalhamos com três escolas bilíngues gaúchas. Temos autorização para fazermos pesquisas e também fomentar trabalhos, pois, infelizmente, muitas escolas não trabalham com referências literárias da identidade surda para os surdos. Nosso objetivo é conseguirmos identificar primeiro a carência em cada escola com relação a essa cultura surda e, por meio disso, conseguir atender a esse público com os componentes do projeto”, explicou Bruna Branco.  

Um dos pontos mais apontados pela palestrante foi que, mesmo que no Brasil a língua mais usada seja a portuguesa, é muito importante lembrar que Libras também é uma língua brasileira. “Eles precisam conhecer a história da sua primeira língua, a Libras, e consequentemente a literatura surda. Essa é a carência que nós queremos preencher. Os surdos que estão nas escolas também precisam ter essa referência de cultura”, completou.

O seminário foi produzido para trazer à comunidade acadêmica e ludovicense uma relação maior acerca da literatura surda. Por isso reuniram-se professores do cenário nacional para apresentar e ampliar essa discussão, como afirmou o tradutor e intérprete da Diretoria de Acessibilidade da UFMA e coordenador do evento, César Rafael dos Santos.

“Há diferenças em relação à literatura geral em português e a literatura surda, por isso nós precisávamos trabalhar esses aspectos e abrir esse espaço de discussão dentro da Universidade. A acessibilidade é uma via de mão dupla, então nós também precisamos conhecer o que o povo surdo brasileiro tem produzido como cultura, identidade e como literatura. Eles têm muito a nos acrescentar com relação a isso, considerando que o Maranhão é berço literário, e a comunidade surda não pode ficar fora disso”, comentou.

Uma aluna do curso de Letras-Libras, oriunda da cidade de Açailândia, falou da importância do evento no meio acadêmico. “A meu ver, esse trabalho possibilita que a gente entenda cada vez mais os movimentos culturais da pessoa com surdez, da identidade surda e da expressão da língua de sinais, que realmente é uma língua e não se limita só a gestos e mímicas, como algumas pessoas acham”, ressaltou.

Para mais informações informações sobre a programação do Semali, acesse o site.

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Produção: Luiz Gabriel Bastos
Revisão: Jáder Cavalcante
Fotos: Matheus Werneck
Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Patrícia Carvalho
Última alteração em: 09/01/2020 23:17