UFMA

SÃO LUÍS –  Na tarde de segunda-feira, 18, no auditório do Centro Pedagógico Paulo Freire, foi iniciado o curso de formação continuada para professores da rede pública de ensino do Estado do Maranhão, intitulado “Educação para as relações étnico-raciais e para o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira”, promovido pelo curso de Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Maranhão (Liesafro), em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc).

O curso teve o intuito de proporcionar a apreensão de novos fundamentos epistemológicos, de forma que o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira seja realizado com base em uma perspectiva intercultural emancipatória, além de fomentar o debate sobre políticas antirracistas no mundo, possibilitando a formulação e implementação de políticas públicas que efetivem a igualdade étnico-racial no Maranhão.

Kátia Evangelista Régis, coordenadora do curso de Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros da UFMA, salientou que houve um avanço no arcabouço legal que demarca a obrigatoriedade do ensino africano nas escolas e que tais conquistas são ameaçadas no atual momento político vivenciado no país. “Ainda há muito para avançarmos para que a temática seja inserida nos currículos escolares atuais, que têm silenciado a cultura africana e afro-brasileira e a produção de conhecimento sobre a África e a diáspora”, avaliou.

O coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFMA (Neab), Carlos Benedito Rodrigues da Silva, informou que a Universidade tem o compromisso de lutar pela melhoria da qualidade de ensino por meio da construção de uma educação sem racismo. “Precisamos desenvolver aos professores formações que respeitem a plurietnicidade que compõe o Brasil. A luta pela educação do povo negro vem de histórias de muitas lutas. Cito o exemplo de Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme, que, durante o século XIX, defendeu a formação de uma escola nos quilombos para educar os quilombolas fugidos da escravidão”. explicitou.

Durante seu discurso, Gerson Pinheiro, Secretário de Estado da Igualdade Racial do Maranhão, elucidou o ponto da visibilidade versus a invisibilização do estado e da sociedade em relação à população negra. “A história já começou invisibilizando o povo negro. Não foi no alto das caravelas que nossos ancestrais vieram para o Brasil, e, sim, nos porões. Chegando a terras brasileiras, a oportunidade de falar desses povos lhes foi tirada, e cada nação e etnia foi jogada por vários cantos do país de forma abrupta”, alertou.

Saiba mais

O curso de formação continuada é um dos resultados do Termo de Cooperação Técnico-Científica estabelecido em 2018 entre a Seduc e a UFMA, que possibilitou a realização do trabalho de campo na cidade de Praia, em Cabo Verde, em novembro de 2018, por 55 integrantes da Liesafro.

A qualificação vai até o dia 22 de novembro e ainda debaterá temáticas como “Movimentos de independência na África”, “O movimento negro na formulação de políticas antirracistas”, “Literatura e Negritude”, “Educação das relações étnico-raciais e africanidades”, “Educação escolar quilombola”, “Geografia da África” e “Políticas de promoção da igualdade racial”.  

Para mais informações, entre em contato com o telefone 3272-9186.

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Produção: Luiz Gabriel Bastos
Revisão: Jáder Cavalcante
Fotos: Maiara Pacheco
Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Allan Potter
Última alteração em: 20/11/2019 15:36