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Segunda do Português: "Junto a" e "Fazer com que"

Publicado em: 29/10/2019

Aproveitando a fase de grande exposição midiática da personagem Coringa, inimigo do herói Batman, vamos falar hoje de dois coringas linguísticos. O “coringa”, no jogo de baralho, serve para substituir qualquer outra carta, e é esse aspecto de uso indiscriminado que será abordado aqui, quando os usuários da língua utilizam uma determinada palavra ou expressão em substituição a várias outras, muitas vezes por modismos; outras, por desconhecer a riqueza vocabular de nossa língua-mãe. Vamos aos coringas:

 

1. Junto a

 A locução “junto a” só deve ser usada para indicar localização, como em:

                O cartaz foi posto junto à porta.

                O retirante sentou-se junto a um pé de juá.

                O policial parou a viatura junto ao carro do suspeito.

Infelizmente, veem-se aos montes a expressão “junto a” sendo usada para substituir as preposições semanticamente legítimas.

                Impetrar recurso junto ao STF.

                Ter boas relações junto ao Governo Estadual.

                Fazer denúncia junto à Procuradoria.

                Fazer um acordo junto aos acionistas.

                Apresentar proposta junto à diretoria.

                Ter grande influência junto aos colegas.

                Ter de se explicar junto à comunidade.

Existe um sentimento de que usar “junto a” transmite status intelectual, no entanto, nesses casos, as preposições gramatical e semanticamente corretas são:

                Impetrar recurso no STF.

                Ter boas relações com o Governo Estadual.

                Fazer denúncia à Procuradoria.

                Fazer um acordo com os acionistas.

                Apresentar proposta à diretoria.

                Ter grande influência entre os colegas.

                Ter de se explicar perante a comunidade.

 

2. Fazer com que

Outra expressão largamente usada, que virou um vício nacional, mas denota pobreza vocabular, é “fazer com que”. Vejamos alguns exemplos:

                A descentralização do RU faz com que os estudantes economizem tempo na fila.

                A chegada do novo telescópio fez com que os discentes buscassem descobrir novos astros.

                O juiz fez com que o estabelecimento fosse fechado.

                As belas palavras do religioso fizeram com que os fiéis acreditassem em sua pregação.

                A implantação de uma creche na comunidade faria com que as mães pudessem trabalhar fora.

 

É assim que muita gente se acostumou a falar e escrever. No entanto, raciocinando um pouquinho, percebemos que o texto pode ficar mais rico se lhe retirarmos os coringas e usarmos os verbos certos. Observe:

                A descentralização do RU favorece que os estudantes economizem tempo na fila.

                A chegada do novo telescópio motivou os discentes a buscar descobrir novos astros.

                O juiz determinou que o estabelecimento fosse fechado.

                As belas palavras do religioso induziram os fiéis a acreditar em sua pregação.

                A implantação de uma creche na comunidade possibilitaria que as mães pudessem trabalhar fora.

 

É importante observar esses aspectos vocabulares na hora de escrever. Usar a palavra certa PROPORCIONA QUE (e não “faz com que”) seu texto fique esteticamente rico. Os principais verbos substituídos pelo coringa FAZER COM QUE são:

ACARRETAR

POSSIBILITAR

OCASIONAR

FAVORECER

INDUZIR

FACILITAR

DETERMINAR

PROPORCIONAR

MOTIVAR

PROMOVER

ENSEJAR

PROVOCAR

TRANFORMAR

 

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Revisão: Jáder Cavalcante

Texto: JADER CAVALCANTE DE ARAUJO
Última alteração em: 29/10/2019 08:32

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