UFMA

SÃO LUÍS – A profissão de socioeducador lida diariamente com situações de risco, assistindo adolescentes com alteração de comportamento, agressividade e em vulnerabilidade. Diante disso, pesquisadoras do Rio Grande do Sul voltaram seu olhar para essa problemática e apresentaram nesta quarta, 23, o resultado de suas pesquisas durante o VI Congresso Brasileiro de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho e o VII Simpósio Brasileiro de Psicodinâmica do Trabalho, que ocorre no Centro Pedagógico Paulo Freire, na UFMA, até essa sexta-feira, 25.

As pesquisadoras Janine Kieling Monteiro, Eliane Böttcher, Gabriela Marques e Carolina França apresentaram a pesquisa Estratégias de mediação no contexto de trabalho de agentes socioeducadores: Um olhar para a saúde do trabalhador, enquadrado no primeiro eixo temático do evento: Estratégias defensivas, patologias e adoecimento.

“O trabalho que estamos apresentando nessa sessão fala das estratégias de mediação, que são de defesa ou enfrentamento que um socioeducador utiliza ante as dificuldades no trabalho”, contou Janine.

Segundo o Cadastro Brasileiro de Ocupações, do Ministério do Trabalho e Emprego, a profissão de socioeducador está constantemente exposta a condições insalubres, em escalas de serviço agressivas e que contribuem para um alto índice de funcionários afastados por problemas de saúde. Nesse cenário, a pesquisa realizou entrevistas, quantitativas e qualitativas, com 13 agentes socioeducadores para avaliar as estratégias de defesa desses profissionais.

“Os socioeducadores se utilizam de várias estratégias de defesa para lhe dar com o dia a dia no trabalho, como por exemplo, a racionalização, incutindo que o ganho financeiro compensa; a individualização, pelo fato de que, ao tentar resolver alguma dificuldade sozinho, o profissional se isola dos colegas do trabalho; e o distanciamento afetivo junto aos adolescentes, por receio de desgastes físicos e emocionais”, explicou Monteiro.

Como estratégias de enfrentamento às problemáticas laborais, o trabalho das pesquisadoras, encontrou apenas duas possibilidades. “Constatamos que os profissionais buscam a improvisação no trabalho quando faltam materiais, e recorrem à psicoterapia, devido à pouca valorização social, à grande jornada de trabalho e aos poucos profissionais na instituição que lidam com jovens que chegam a ser violentos”, revelou Janine.

Como conclusão, a pesquisa sugere um aperfeiçoamento dos profissionais avaliados com base nos resultados. “Propomos uma capacitação com os temas que mais se destacaram na pesquisa: a falta de cooperação entre os profissionais e a necessidade de realizar uma abordagem sobre as medidas de socioeducação”, aconselhou.

Saiba +

A abertura do VI Congresso Brasileiro de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho e o VII Simpósio Brasileiro de Psicodinâmica do Trabalho ocorreu na noite de ontem, 22, no auditório do Centro Pedagógico Paulo Freire. Os eventos simultâneos seguirão até o dia 25 de outubro.

Durante a programação, haverá mesas-redondas, comunicações orais, apresentação de pôsteres e terão como eixos Estratégias defensivas, patologias e adoecimento; Mobilização subjetiva no trabalho: inteligência prática, cooperação e reconhecimento; Organização do trabalho e prazer-sofrimento; Políticas públicas e práticas em saúde mental no serviço público; Práticas em clínica do trabalho; Trabalho escravo contemporâneo; Trabalho, política e subjetividade; Violências e assédio moral no trabalho.

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Produção: Luiz Gabriel Bastos
Fotos: Maiara Pacheco
Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Maiara Pacheco
Última alteração em: 24/10/2019 11:23