UFMA

SÃO LUÍS – Nesta segunda-feira, 19, está sendo realizado, até às 18h, na Fábrica Santa Amélia, o seminário “Políticas Habitacionais em Áreas Centrais de Cidades do Brasil”, organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Patrimônio Cultural (GEPPaC), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult) da UFMA.

O evento tem por objetivo discutir e debater as questões de habitação e reabilitação nos centros das cidades do Brasil, em especial, o Centro Histórico de São Luís. “Não há como devolver ao Centro o caráter de cidade, que ele perdeu, sem ter habitação. Perfis de habitações para a classe média, para os estudantes, a população de um modo geral é algo necessário para a cidade”, afirmou o professor do curso de Turismo do Câmpus São Bernardo e organizador do evento, Cesar Roberto Castro.

Ele ainda ressaltou a importância de reabilitar o Centro, juntando a habitação e o turismo. “Articulando a habitação, o turismo e o uso institucional dos prédios, de fato, o centro da cidade não vai mais se resumir a um mero museu, um local vazio que é usado institucionalmente durante o dia, mas à noite e nos fins de semana fica sem vida”, completou.

Ter conhecimento de programas, públicos ou financiados por instituições privadas, que ao longo dos anos vêm tentando colocar em prática ações para reabilitar áreas centrais de cidades de todo o país, ajuda a entender os desafios encontrados nesse meio. Por esse motivo, a Arquiteta e Urbanista Helena Rosa Galiza iniciou sua palestra trazendo visões gerais de construções e obras que transformaram cidades.

De acordo com a palestrante, um dos principais desafios de conseguir essas mudanças habitacionais em áreas centrais é a falta de prioridade existente nos governos de cada cidade do Brasil. “Minha experiência de tantos anos trabalhando no Governo Federal junto com as minhas pesquisas acadêmicas deixa evidente que o interesse político é o que comanda esse cenário. Muitas vezes os interesses de agentes imobiliários ficam acima da própria população local”, explicou.

O geógrafo João Carlos Carvalhes trouxe questões estudadas no seu doutorado para a palestra, como o caso de estigmatização territorial — considerar que um local não é digno de receber desenvolvimento ou mudanças — dando aspectos negativos para os centros. “A estigmatização territorial atrapalha os processos de revitalização por trazer narrativas negativas que acabam sendo incorporados no discurso do poder público e da opinião pública”, inteirou.

O seminário trouxe para a aluna do 8° período de Arquitetura e Urbanismo Maria Eduarda Oliveira outro olhar sobre a revitalização. “Essa parte de revitalizar ocupações me chama muita atenção. Pretendo fazer minha monografia relacionada a isso. Estou procurando referências sobre um projeto em que o governo é obrigado a disponibilizar moradias para mulheres vítimas de violência. Esse espaço é algo necessário para elas e para qualquer pessoa que precise”, explicou a aluna.

Beatriz Mendes, formada em Serviço Social, relatou que esse assunto é algo que já fez parte da sua trajetória universitária. “Fiz minha monografia sobre habitação. O meu projeto foi sobre como se deu a construção da cidade de São Luís. Saber que a cidade cresceu de forma segregada e improvisada, nos mostra a falta de planejamento e quanto ela ainda pode mudar e se reorganizar”, completou.

O seminário ainda contará com a presença de representantes do poder público do Estado, debates e mesas-redondas na parte da tarde.

 

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Produção: Luiz Gabriel Bastos
Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Fábrica Santa Amélia
Texto: Patrícia Carvalho
Última alteração em: 19/08/2019 22:09