UFMA

MORROS - “Sou oriunda do PNAIC [Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa], um programa que me ajudou no processo da minha alfabetização. Com base nos resultados do PNAIC, vivemos um novo momento para aprimorar os nossos conhecimentos e compartilhar novas experiências, e que essa nova etapa que se inicia venha a favorecer o crescimento educacional de acordo com a necessidade das nossas crianças”, declarou a pequena Vitória Medeiros, 10 anos, que participou do seminário de lançamento do projeto “Cenas da prática pedagógica da pré-escola aos anos iniciais: o cotidiano e o não cotidiano no trabalho docente”, realizado na última terça-feira, 30, na cidade de Morros-MA, cujo projeto será aplicado em Icatu.

O projeto piloto visa atender o município de Icatu, e as autoridades locais, ao saberem da ideia, prontamente se colocaram à disposição da Universidade. “O município de Icatu, juntamente com 18 municípios, foram convidados para participar desse trabalho, mas Icatu deu uma resposta de imediato, ou seja, a adesão foi sem nenhuma restrição, motivo pelo qual eu e a professora Dourivan definimos que íamos colocar 100% das especialistas (formadoras que atuaram no PNAIC pela UFMA) que estão envolvidas nesse trabalho para atuar em Icatu”, afirmou a coordenadora do projeto Conceição Moura.

Segundo ela, o projeto, lançado como Pós-Pnaic, pelo que se sabe, é inovador. “Essa experiência é única e poderá contribuir para a realização de trabalhos na alfabetização de outras localidades. Esse trabalho dará resultados significativos, que implicará a participação de congressos, e os resultados obtidos serão organizados em livros, para que possamos, de fato, registrar essa experiência. Desejamos que os municípios maranhenses realizem esse trabalho ou outros, no sentido de não deixar que as ações de alfabetização e letramento fiquem esquecidas no passado, ao contrário, as estatísticas apresentam que temos muito a fazer”, completou.

A reitora da UFMA, Nair Portela, falou da alegria de participar de um momento tão importante como esse, o qual resgata um projeto para melhorar a educação brasileira. “Não há outro caminho senão a educação, que nos prepara. É ela que prepara o outro e que o transforma. O município que não investir em educação está perdendo anos de avanços de cidadania. Um exemplo claro é a garota Vitória, que poderia não ter chegado à escola, poderia não ter sido alfabetizada. Veja como o país, o município, a família e a pessoa perdem quando não há acesso à educação”, afirmou.

Para o Secretário de Educação de Icatu, Moisaniel Gomes, a satisfação e a alegria são muito grandes pela cidade de Icatu ter sido agraciada por esse projeto, que tem o apoio da UFMA, da Fundação Sousândrade, instituições conhecidas nacionalmente e que estão à frente da educação superior no Brasil.

“A UFMA tem sido reconhecida nacional e internacionalmente como uma das melhores universidades federais do Brasil. Nós temos o prazer em receber a Universidade em nosso município e na região do Munim, que é banhada de riquezas naturais, mas que, na área da educação, principalmente superior, temos um déficit muito grande. Neste momento, agradecemos a Deus, porque a Universidade Federal do Maranhão abriu as portas para Icatu. Os nossos jovens e as nossas crianças serão acompanhadas por professores especialistas, doutores ou mestres que estão inseridos neste programa”, disse o secretário.

A professora da escola Diogo de Campos, localizada no povoado de Juçatuba, em Icatu, Silvia Regina Santos, ministra aulas para estudantes do segundo ano do ensino fundamental e diz que o PNAIC veio para clarear os objetivos que oferecem para os professores em sala de aula. “Primeiramente, foram as oficinas que contribuíram para o melhoramento do aprendizado de cada criança. Trabalhamos as atividades de várias maneiras, as quais mostraram que é possível educar por meio do lúdico. Antes eu não tinha a visão de como trabalhar com as crianças, realizando brincadeiras, muitas das quais têm o objetivo de educar”, contou.

O cotidiano e o não cotidiano no trabalho docente

Rosângela Rodrigues é graduada pela UFMA, no curso de Pedagogia, e atuou três anos como formadora do PNAIC. “Estamos na parte da pré-escola, onde vamos desenvolver um trabalho de acompanhamento que é fruto dos processos formativos que realizamos. O que veremos é a relação que foi estabelecida, o que ficou de significativo sobre o programa que foi executado anteriormente, o que as professoras levaram para a prática. Mas desta vez será diferente, porque iremos in loco. Estamos com muita expectativa em torno dessa experiência, detalhou.

A professora Conceição Moura explicou que serão nove duplas trabalhando em sete escolas com 45 professores da pré-escola, anos iniciais e turmas multisseriadas. “Este trabalho coloca em evidência os conceitos que foram trabalhados, por ocasião do PNAIC, justo no momento de profunda instabilidade do ponto de vista das ações educacionais em nosso país”, disse.

O projeto colaborativo tem o enfoque no cotidiano e no não cotidiano do trabalho docente, e, segundo ela, o cotidiano tem um apelo muito grande às ações de forma empírica em que o improviso e a naturalização das práticas estão presentes; já no não cotidiano, o foco é nos estudos, na pesquisa, em um trabalho cognitivo mais elaborado, portanto é um trabalho mais exigente.

“O que observamos é que, no conjunto das formações que são feitas em todo o país, acaba por ser colocado de forma mais forte o cotidiano. Nós queremos, após cinco anos do PNAIC, resgatar os fundamentos teóricos trabalhados na sala de aula, com o professor e o aluno. Vamos trabalhar com professores que atuam na pré-escola, nos anos iniciais do ensino fundamental e nas turmas multisseriadas, que congregam crianças com idades distintas. O professor tem o desafio de trabalhar com crianças de faixas etárias diferentes, com etapas do desenvolvimento do psiquismo também diferentes, para que ele possa desenvolver um trabalho em que todos aprendam”, observou Moura.

Sobre o PNAIC

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa foi um compromisso formal e solidário assumido pelos governos Federal, dos Estados e dos Municípios, desde 2012, para atender à Meta 5 do Plano Nacional da Educação (PNE), que estabelece a obrigatoriedade de “Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental". Na UFMA, o PNAIC teve início em 2013 e terminou em 2018.

Ao aderir ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, os professores alfabetizadores e orientadores de estudos participaram de uma formação com carga horária de 180 horas. Para gerenciamento das atividades da formação continuada desse programa, os cursistas (professores alfabetizadores e coordenadores pedagógicos) foram cadastrados no Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle – SIMEC, que foi responsável pela geração dos dados para certificação desses cursistas.

A formação foi destinada aos professores que atuaram na Pré-Escola, professores alfabetizadores, além dos coordenadores pedagógicos.

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Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Morros – MA
Texto: Sansão Hortegal
Última alteração em: 05/08/2019 10:20