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ALCÂNTARA – A disciplina Geopolítica do curso de Geografia da UFMA busca compreender as relações entre território e poder nas suas diversas escalas – global, nacional, regional e local. Os graduandos estudam temas como o imperialismo, a globalização, formas de poder no mundo atual e influência da economia contemporânea sobre as questões políticas.

Entre os dias 11 e 13 de julho, a turma dessa disciplina, do período letivo de 2019.1, sob a orientação do professor Josoaldo Lima Rêgo, esteve alocada no Câmpus da UFMA em Alcântara para realizar uma atividade de campo. Nesses dias, a turma visitou a comunidade rural Manuma. Em uma conversa, o docente detalhou mais à Assessoria de Comunicação da UFMA sobre esta experiência.

Ascom: Qual o objetivo da visita a Alcântara? E por que escolheram essa cidade?

Josoaldo Lima: O nosso objetivo foi entender, em escala local, quais os possíveis impactos de um acordo do governo brasileiro com os Estados Unidos para a utilização da Base de Alcântara, além de resgatar o histórico de luta da comunidade Mamuna, na vizinhança da Base, para permanecer em seus territórios. A cidade foi escolhida para uma atividade de campo da disciplina porque é um exemplo de território disputado pelo poder global, de interesse econômico, militar e estratégico.

Ascom: Do que se trata esse acordo brasileiro com os Estados Unidos?

JL: O acordo de Salvaguarda Tecnológica firmado, ainda não aprovado na Câmara, visa permitir a utilização da Base de Alcântara pelo governo americano. Os relatos e o acompanhamento das notícias da política externa norte-americana apontam para um interesse dos EUA de reocupação do espaço político na América Latina.

Ascom: De que forma esse acordo impacta a população da região?

JL: Além de ser uma questão que pode afetar a soberania do país, por se tratar de interesse de caráter geopolítico e geoeconômico, aliás, trata-se de uma base na entrada da Amazônia brasileira, região de grande cobiça por parte da mineração em escala industrial. No caso da população de Alcântara, as consequências seriam mais imediatas pelo fato de uma porção significativa do território do município estaria sob uso militar americano.

Ascom: Qual foi a história relatada pela comunidade rural Manuma?

JL: Os moradores da comunidade foram entrevistados e relataram o histórico de luta para permanecer no território desde o período de construção da Base, na década de 1980. Os depoimentos apontam ainda que as comunidades que foram deslocadas na década de 1980 sofreram muito porque perderam as condições materiais de existência: áreas boas para roça, acesso ao mar para pescar etc. A partir dos deslocamentos dos anos 80, parte da zona rural de Alcântara passou por uma completa desestruturação do quadro social.

Ascom: Quais as considerações finais e principais aprendizados tirados dessa experiência?

JL: Foi uma atividade muito importante porque tivemos contato com relatos diretos e observamos como acontecem, de fato, as disputas territoriais.  Ouvimos pessoas com grande conhecimento do território e também lideranças políticas locais com profundo entendimento dos arranjos geopolíticos do mundo contemporâneo.

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Produção: Marcos Paulo Albuquerque
Revisão: Jáder Cavalcante
Fotos: Janderson Cardim
Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Gizele Monteiro
Última alteração em: 24/07/2019 19:14