UFMA

SÃO LUÍS - “O sentido verdadeiro da vida está no amor. Sem o amor, a vida é vazia, algo que apenas dura no tempo...”, assim está descrito no ‘Retalhos de uma Vida’, uma obra póstuma do professor de Direito, Filosofia e Psicologia, e ex-reitor da Universidade Federal do Maranhão, José Maria Ramos Martins, falecido em 2016.

O livro, lançado nessa quinta-feira, 27, no espaço da AMEI, no São Luís Shopping, por seus familiares, espelha todo o amor do autor, em diferentes prismas de duração e intensidade, à sua família, às mulheres de sua vida (seus romances), em especial àquela que sintetizou todos os seus afetos, aos seus amigos, à sua profissão, aos seus professores e alunos, à Universidade Federal do Maranhão, à academia, à filosofia e à ciência do direito.

José Maria Ramos Martins é membro efetivo da Academia Maranhense de Letras e da Academia de Letras Jurídicas; foi reitor da Universidade Federal do Maranhão de 1975 a 1979 e presidente da Escola Superior da Advocacia, entre outros títulos.

A reitora Nair Portela lembrou que ele era um personagem fantástico cuja obra literária deveria ser estudada. “Ele fala de tudo. Fala do amor, da natureza, da sua experiência como gestor. Então, esses ‘retalhos’ que ele traz hoje, por meio de sua obra, são retalhos da vida, que, entre eles, estão os vividos na UFMA. Ele nos deixa um grande legado, e ficamos felizes em participar deste momento do lançamento de uma obra, na qual ele teve ajuda da família para finalizá-lo. Infelizmente, não pôde publicá-lo em vida, mas hoje é um grande momento para seus familiares e para a Universidade”, destacou.

O livro é uma biografia escrita pelo autor que foi lançado com o subtítulo “Páginas de memórias e últimos textos esparsos”. Com 278 páginas, “Retalhos de uma Vida” é uma publicação da Editora da Universidade Federal do Maranhão- EDUFMA, com apoio da Fundação Sousândrade.

O prefácio é assinado pela escritora Ana Luiza Almeida Ferro, membro da Academia Maranhense de Letras e, durante a escrita, ela rememora seu contato com o autor e fala da sua proximidade com ele, lembrando os momentos em que ele a chamara para fazer as leituras dos escritos originais, os quais hoje se tornariam os ‘retalhos da vida’ de José Ramos Martins.

“Os retalhos têm a característica de ser fragmentos, partes extraídas, cortadas de algo, especialmente de um tecido. Comumente, adquirem o sentido de sobras de tecido de costura ou de peça nas lojas em questão. Pois bem, o tecelão dessa colcha de retalhos à disposição do leitor entrelaça, com habilidade, os fios de sua vida, combinando pedaços de diferentes cores, tamanhos e desenhos, alguns mais lustrosos, outros mais desbotados, sem jamais renunciar à harmonia do tecido”, detalha Ana Luiza Ferro.

A apresentação da obra foi escrita pelo ex-aluno do autor, no curso de Direito da UFMA, professor aposentado do curso e chefe de gabinete, em sua gestão, Agostinho Ramalho Marques Neto. “A emoção que agora me toma provém da presença da pessoa dele nos textos que compõem, sobretudo, a primeira parte do livro, ao longo da qual ele vai esparzindo suas memórias de cunho afetivo e amoroso. É onde ele fala, sempre, na primeira pessoa do singular. Mas, mesmo nos textos seguintes, de caráter mais reflexivo e teórico e, nessa perspectiva, necessariamente mais ‘impessoais’, o ‘sujeito’ José Maria Ramos Martins também se faz presente”, afirma Agostinho, nas cinco primeiras páginas do livro.

José Maria era casado há mais de 60 anos com Maria Madeira Martins, conhecida entre os mais próximos como Duozinha, e do fruto do amor deles nasceu a sua única filha, Iomara Martins. Ela lembra que ele sempre gostou muito de lecionar, até mesmo pelos corredores da UFMA, estava sempre muito envolvido com a Universidade. Na parte administrativa, ele foi vice-reitor do reitor Josué Montello (1972-1973), o qual o indicou tempos depois a ser reitor da UFMA (1975-1979).

“A universidade sempre foi muito presente na vida dele e de todos nós. Destaco, entre os retalhos tecidos, a paixão e devoção que sempre teve por minha mãe, que, afinal de contas, eles passaram 65 anos casados. Ela faleceu quatro anos antes que ele. Então, na obra, ele mostra que, mesmo depois do falecimento da sua amada, ele ainda nutria aquela paixão, aquele amor e respeito no coração dele para com ela”, lembrou.

Só tu, Maria, beijavas assim,
Como quem suga o néctar de uma flor!
Mas todo esse carinho, esse amor,
Deus quis tivesse um dia o seu fim...

E agora, José?

Agora, os meus dias são todos iguais,
O perfume do amor não voltará jamais,
Em seu lugar, a solidão vazia...

Muda, Senhor, a minha triste sina!
Faz voltar os áureos tempos da 'esquina'
Onde o amor todos os dias renascia!...

Outubro, 2013
J.M. Ramos Martins

A obra está à venda na livraria da Associação Maranhense dos Escritores Independentes – AMEI, localizada no São Luís Shopping, no Jaracati.

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Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Espaço AMEI
Texto: Sansão Hortegal
Última alteração em: 28/06/2019 17:59