UFMA

SÃO LUÍS – A tarde do segundo dia de atividades do Intercom Nordeste, contou com a mesa de debate intitulada “Mídia e Democracia”, no Auditório do Centro Pedagógico Paulo Freire, câmpus do Bacanga. Entre os painelistas convidados, esteve o professor Juliano Mendonça Domingues da Silva, da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Contribuindo para a discussão suscitada pelo tema do congresso, o professor apresentou sua pesquisa intitulada “Mídia, Liberdades Civis e Direitos Políticos: mensurando barreiras ao media opening”. A Assessoria de Comunicação da UFMA conversou com o professor para conhecer mais sobre a pesquisa.

Ascom: Do que se trata o seu trabalho?

Juliano Domingues: Trata justamente sobre aquilo que é entendido como barreiras ao estabelecimento de uma mídia que seria considerada mais democrática; aquela que teria a capacidade de reforçar princípios democráticos em uma sociedade que se diz democrática. Esta pesquisa se propõe a investigar se as barreiras previstas pela literatura sobre media opening – expressão utilizada pelos autores que adoto – de fato representam barreiras. Eu me baseio em estudos de caso, e a intenção seria adotar, em bancos de dados com muitos países, o mesmo modelo que esses autores utilizam. É uma pesquisa de caráter quantitativo, com base em análises estatísticas.

Ascom: O que é media opening?

JD: É um conceito desenvolvido nos anos 2000, que se refere a um processo por meio do qual a mídia se tornaria cada vez mais independente, principalmente do poder público, e mais representativa da diversidade da sociedade. Então, a partir destas duas dimensões, independência e representatividade, seria possível identificar uma mídia mais ou menos aberta.

Ascom: De que forma este conceito se relaciona com a democracia?

JD: Tais características do media opening estariam associadas, em tese, a países mais democráticos. Trata-se justamente da representatividade da sociedade, por meio da mídia, da diversidade, do ponto de vista da representação social, e também da possibilidade de a mídia exercer um papel de fiscalização do poder público: quanto menos independente uma empresa de mídia, menos apta ela estaria a fazer com que os agentes públicos prestem conta de seus atos.

Ascom: Qual foi a metodologia adotada na sua pesquisa?

JD: Observamos que o modelo de estudo de caso elaborado pelos autores que trabalham com a ideia de media opening – Mauro Porto, da Universidade de Tulene; Sallie Hughes, da School of Communication de Miami; e Chappell Lawson, do Massachusetts Institute of Technology (MIT) – é passível de ser adotado para se pensar uma pesquisa com muitos países. Ou seja, ela parece fazer sentido quando testado por meio de análise estatística para uma grande quantidade de países. Utilizamos determinadas variáveis que estão disponíveis em bancos de dados de institutos de pesquisa em larga escala e fizemos os testes de hipótese com base na discussão teórica-conceitual desses autores.

Ascom: Quais conclusões foram alcançadas? Houve alguma surpresa?

JD: Nós tentamos identificar, no banco de dados, as variáveis que permitiriam operacionalizar o debate conceitual e fazer isso do ponto de vista empírico, por meio de métodos quantitativos, mais especificamente, estatística descritiva e correlação bivariável. Não houve surpresas. Já esperávamos que os dados confirmassem a hipótese do trabalho: países pouco democráticos, pouca media opening.

O Intercom Nordeste

Tendo São Luís como sede, e ocorrendo em três instituições de ensino superior da cidade, o Intercom Nordeste deste ano encerrará amanhã, dia 1º de junho, na Universidade Ceuma, com o último dia do Expocom e a cerimônia de premiação.

 

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Produção: Marcos Paulo Albuquerque

Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Gizele Monteiro
Última alteração em: 31/05/2019 19:04