UFMA

SÃO LUÍS – As conexões entre religião e política no cenário atual brasileiro motivaram o Grupo de Pesquisa História, Religião e Cultura Material (Rehcult) na realização da conferência “Religião e Política no Brasil atual”, ocorrida na segunda, 18, no Auditório Central da UFMA.

“Religião e política está na ordem do dia. A última eleição presidencial do Brasil; a ascensão dos evangélicos; a problemática no cenário mundial da ressurgência de fundamentalismo e intolerância; e o discurso de ódio: é nítido que religião e política são inseparáveis atualmente. No Brasil, temos relativa evidência dos evangélicos, inclusive o voto deles foi decisivo nas eleições presidenciais de 2018. Dessa maneira, mais do que oportuno, estamos promovendo essa conferência para pensar essa realidade, quais os caminhos e perspectivas para o futuro”, pontuou o coordenador do Rehcult, Lyndon Santos.

O palestrante Paul Charles Freston, pesquisador nas universidades Wilfrid Laurier University (Canadá) e na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), começou a Conferência destacando três erros comuns que cometemos quando analisamos a relação entre religião e política.

“Primeiro, ignorar a religião, como se fosse irrelevante para a política; segundo, tratar a religião de forma reducionista, como mero sinônimo apontando para outros fatores mais reais; e o terceiro, de tratar a religião como, de fato, muito importante, mas sempre igual e nociva”, enumerou.

Segundo o sociólogo, devemos ver a religião como um fator autônomo e potencial capaz de ter uma influência independente sobre os acontecimentos (para o pior ou melhor) e sendo, como todos os fenômenos humanos, profundamente, ambivalente.

“Devemos reconhecer a natureza multifacetada da religião na vida pública: a religião pode funcionar como ideias, como fonte de identidade, como a força mobilizadora, como redes extensas, como fornecedora de serviços para seus próprios adeptos e para além deles, como fonte de ética e valores, como escola e como gestora de poderes institucionais”, frisou.

Sociologicamente, lembrou Freston, “o desempenho público de grupos religiosos não podem ser deduzidos com base em suas doutrinas religiosas. As tradições religiosas não são unívocas nem imutáveis, há sempre diversidade e evolução, mas cada tradição religiosa se desenvolve dentro de certa lógica, com certas tendências prevalecentes”, ressaltou.

Para o secretário estadual de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), Francisco Gonçalves, uma das grandes conquistas das sociedades democráticas é a separação entre política e religião.

“Entendo que religião é uma questão de consciência individual, e cabe ao Estado proteger esse direito. Desse ponto de vista, o Estado laico não é um estado antirreligioso, no entanto estabelece sua autonomia para garantir e preservar o direito de cada um de professar sua fé”, avaliou.

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Produção: Luiz Gabriel Bastos
Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Maiara Pacheco
Última alteração em: 20/03/2019 14:16