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Professora do curso de letras ministra conferência na França sobre cantos indígenas traduzidos

Publicado em: 06/02/2019

AIX-EN-PROVENCE, FRANÇA – Apreciar a cultura indígena brasileira e a modernidade de cantos indígenas traduzidos para o francês: esse foi o principal objetivo da conferência “A terra-sem-mal: mitos e cantos ameríndios traduzidos para o francês”, ministrada pela professora Émilie Audigier, do curso de Letras da Universidade Federal do Maranhão. O evento ocorreu na Universidade Aix-Marseille, localizada na cidade de Aix-en-Provence, a aproximadamente 639 km de Paris, capital da França.

Durante duas horas, o público presente na Universidade Aix-Marseille pôde descobrir como funciona o processo de tradução do português para o francês de obras vindas de diversos povos indígenas residentes no Brasil, como o guarani, tupinambá e kamayurá.

“Alguns desses cantos foram traduzidos na antologia “La poésie du Brésil”, organizado por Max de Carvalho, em 2012, pela qual me interessei particularmente por ter participado na pesquisa e escrita”, comentou a professora, que também abordou o mito da cosmologia do povo Tupinambá com base em uma obra intitulada “Meu Destino é ser Onça”, do autor brasileiro Alberto Mussa.

Uma das principais características presentes nas obras indígenas traduzidas e expostas no evento é a musicalidade, algo essencial para a construção da obra. “Como uma representação teatral, o canto envolve uma performance única daquele dia, e não de um texto fixado pela escrita. Por isso a tradução teria que mostrar esta dimensão oral e mutante, não apenas com comentários ou notas, mas também com a própria pontuação, as rubricas, e a disposição visual do canto na página”, disse a docente.

Émilie também discorreu sobre a importância da vocalidade e do caráter performático durante a divulgação de uma poesia medieval, já que, segundo ela, o conjunto de ações como liberdade vocal, acentuação e pronúncia comprovam quanto o texto existe em relação às harmonias da voz. Tudo isso deve ser levado em consideração durante o processo de tradução de um texto indígena, já que sua grande maioria nasceu da oralidade e foram transcritos por antropólogos de séculos passados.

“O distanciamento ontológico é bem mais amplo na hora de traduzir conceitos, ideias e personagens que pertencem ao imaginário tão distante e estranho para um leitor francês, e para um leitor brasileiro, às vezes também para o próprio índio que não conhece a interpretação dos xamãs, com conhecimento próprio”, pontuou.

Émilie considera necessário divulgar a cultura indígena brasileira para o exterior, principalmente após a proximidade adquirida ao morar no Maranhão e ao observar, segundo ela, a guerra territorial sofrida pelos povos guajajara e tremembé no estado.

 “Apesar de ser percebida como uma forma de expressão verbal extremamente original, a literatura ameríndia do Brasil está praticamente desconhecida, e as histórias ou cantos constituem a base da cultura indígena, porém sem ainda fazer parte da cultura conhecida de todos os Brasileiros hoje. Ainda existe um trabalho de pesquisa a ser desenvolvido sobre as expressões verbais indígenas, realizar gravações, escrever e traduzir em livros, para difundir o patrimônio indígena do Brasil, especificamente em terra maranhense”, comentou.

Saiba mais

O evento foi organizado pela coordenação do Mestrado em Tradução Literária da Universidade Aix-Marseille. No mestrado, os alunos podem optar por estudar o processo de tradução de línguas asiáticas, árabe, persa, língua portuguesa, inglês, espanhol e alemão. 

Durante o curso, os alunos estudam a história, as teorias e as práticas de tradução literária, teorias da literatura e da interculturalidade, hermenêutica, filosofia contemporânea e metodologias comparatistas. Também existe uma linha focada em tradução técnica, com ensinamentos específicos à profissão de tradutor e intérprete.

Émilie busca fomentar parcerias de instituições francesas para a realização de atividades na Universidade Federal do Maranhão, seja na graduação ou em especializações.

“Com o Collège International de Traduction Littéraire, pensamos na formação de tradutores literários em português-francês, o que pode ocorrer em São Luís, na UFMA, reunindo tradutores literários e profissionais experientes que atuam no mercado editorial francês para a formação de jovens e potenciais tradutores. Há também possibilidades de consolidar a linha de pesquisa em Tradução Literária na UFMA para formar críticos da tradução e manter vínculo constante com universidades francesas”, explicou a docente.


Quer ver uma iniciativa bacana do seu curso divulgada na página oficial da UFMA? Envie informações à Ascom por WhatsApp (98) 98408-8434.
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Produção: Marcos Paulo Albuquerque
Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Universidade Aix-Marseille
Texto: Rodrigo Bomfim
Última alteração em: 06/02/2019 15:22

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