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SÃO LUÍS – A cárie na primeira infância (CPI) pode ser não apenas um importante fator para a identificação de problemas como um possível gerador de graves prejuízos na saúde da criança. Isso foi o que constatou a pesquisa “Análise do hemograma e dos marcadores inflamatórios séricos na cárie na primeira infância”, realizado pela professora Gisele Quariguasi com a orientação da professora Cecília Cláudia Costa. A pesquisa ganhou menção honrosa no Prêmio Capes de Tese, que ocorreu na última quinta, 13, em Brasília.

De acordo com a professora Gisele, o que liga a cárie a esses prejuízos é o consumo excessivo do açúcar: “A cárie na primeira infância é hoje a doença crônica não transmissível mais comum em crianças na fase pré-escolar. E que pode determinar prejuízos na saúde geral da criança: afetar crescimento, desenvolvimento, o peso, a qualidade de vida e causar problemas ao longo da sua vida. A comunidade científica tem conhecimento de que essa doença está relacionada ao consumo do açúcar e que esse padrão alimentar é também comum em outras doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade”.

Por esse motivo, o objetivo da pesquisa seria justamente este: investigar se as crianças com cáries na primeira infância estariam com alterações séricas. Realizada com 152 crianças dos sete distritos sanitários da cidade, a investigação constatou que as crianças com maior incidência de cáries já estavam com alguns fatores de saúde alterados. “Crianças com maior gravidade de cáries, apresentam citocinas inflamatórias que são identificadas em doenças como obesidade, já alterados. E o consumo de açúcar interfere nessa relação”.

Com base nesse resultado, espera-se que os profissionais da saúde que perceberem a presença de cáries nos pacientes em fase pré-escolar já tenham atenção redobrada para identificar possíveis problemas. “Acreditamos que agora os profissionais que observarem lesão de cárie em seus pacientes (profissionais das mais variadas áreas da saúde) podem pensar que, por trás dessas lesões de cárie, a criança já pode estar vivenciando uma situação de inflamação crônica subjacente a essa condição."

Após a análise dos dados obtidos, foram enviadas as fichas com os resultados finais anexadas ao encaminhamento de pediatras ou nutricionistas. A docente deixa um alerta para os responsáveis quanto à alimentação das crianças nessa fase essencial para o desenvolvimento físico e cognitivo.

“É importante conscientizar os pais, porque, hoje em dia, o açúcar de adição está em tudo. Nos pães, no ketchup, entre outros. Nos bolos, a gente já imagina, a gente só não tem ideia do que está por trás. Então os pais precisam se conscientizar, e os profissionais da saúde precisam olhar para o seu paciente já imaginando que, se ele já tem vestígios da cárie, ele já pode imaginar que aquela criança está vivenciando uma situação de inflamação crônica subjacente ao quadro dentário”, finalizou.

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Produção: Luiz Gabriel Bastos
Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Tatiane Ferreira
Última alteração em: 20/12/2018 14:17