UFMA

SÃO LUÍS – Suscitando questões como “O papel da mulher na sociedade contemporânea”, “Reconhecimento do papel social da mulher” e “Ameaças das conquistas de políticas públicas”, a professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás Lucia Rincon abriu o XVI Encontro Humanístico da UFMA, com a palestra “As mulheres e o enfrentamento ao atraso”. A solenidade ocorreu nessa terça, 27, no auditório setorial do Centro de Ciências Humanas (CCH).

Apreensiva com o cenário sociopolítico atual brasileiro, a professora Lucia Rincon ressaltou a necessidade de debates organizados em eventos dessa extensão para ratificar valores e garantir direitos ameaçados por pressões machistas, pelo mercado de consumo e pelo conservadorismo.

“Esse momento exige reconhecimento das possibilidades das mulheres em todas as áreas, a sua presença no espaço público enfrentando os pensamentos conservadores que querem desvalorizar nossa presença na construção de uma sociedade nova. Dessa maneira, exige-se que nos posicionemos, cotidianamente, de uma forma decisiva, reconhecendo que, nos últimos anos, estivemos à frente de vários movimentos, das lutas pela radicalização da democracia, de tal forma que todos — homens e mulheres — pudessem ser reconhecidos como agentes sociais”, pontuou.

Pela desigualdade ainda latente, fruto de um passado que deixou marcas na atualidade, a professora Lucia Rincon mostra preocupação diante de um cenário de retrocesso de lutas e conquistas de direitos.

“Um alerta que procuramos fazer é que querem retroceder a ‘roda’ da história. Ou seja, temos que estar preparados para discussões e enfrentamentos, munidos de pesquisa, dados e informações na construção de possibilidades para uma sociedade onde todos tenham acesso aos bens de modo igualitário. Dessa maneira, é necessário que homens e mulheres trabalhem e se posicionem em condições de igualdade”, frisou.

Segundo a professora, a violência contra a mulher é estruturante do sistema patriarcal. “Nós precisamos entender que a estrutura patriarcal de dominação precisa ser combatida, a dominância de classes aumenta as desigualdades sociais, e a subordinação das mulheres aos homens deve ser eliminada com o pensamento de que homens e mulheres são iguais, não só diante da lei, mas das possibilidades de vida, de relações e de solidariedade humana”, discursou. 

O evento 

O Evento Humanístico tem por objetivo a abertura de espaços que ampliem o diálogo e possibilitem a divulgação de trabalhos e pesquisas em Ciências Humanas. Nesse aspecto, a professora Lucia propôs que pesquisadores não esqueçam elementos intrínsecos à identidade sociocultural e econômica do trabalho. 

“É importante que estejamos alerta para compreender nossos objetos, notando que estão inseridos numa determinada sociedade e momento histórico possibilitando a correta leitura do ambiente social e tomadas de decisões saudáveis. Consequentemente, não podemos esquecer-nos de abordar três elementos fundamentais para entender as faces e os impactos de nosso trabalho: o gênero, a raça e a classe”, explicou. 

Com uma programação bastante diversificada, o XVI Encontro Humanístico da UFMA recebeu cerca de 500 inscrições e mais de 300 trabalhos submetidos entre comunicações orais e pôsteres, além de conferências, palestras, mesas-redondas e minicursos que fazem parte do cronograma. 

“O evento busca articular diálogos das diferentes áreas das humanidades, difundindo conhecimentos produzidos em pesquisas e experiências construídos nas especificidades e, neste momento, elas dialogam no Encontro desencadeando outros saberes, experiências e discursos”, finalizou a coordenadora do evento, Gabriela Flor. 

Segundo Gabriela, o XVI Encontro Humanístico da UFMA seguirá até o dia 30 de novembro com exposições e apresentações artísticas que permeiam diversos espaços e momentos do evento, dando voz a artistas e estudantes locais e valorizando produções culturais maranhenses.

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Produção: Géssica dos Anjos
Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Maiara Pacheco
Última alteração em: 29/11/2018 14:38