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UFMA ganhará centro de tratamento para anomalias congênitas

Publicado em: 15/09/2003

Professor Benedito Viana Freitas, coordenador do projeto
Por Júnior Vieira, da ASCOM

O Maranhão está prestes a se tornar referência em tratamentos de anomalias craniofaciais. O Departamento de Odontologia II, da Universidade Federal do Maranhão, desenvolveu o projeto “Levantamento epidemiológico de indivíduos fissurados da região de Primeira Cruz, Humberto de Campos e Santo Amaro – Estado do Maranhão”. Coordenado pelo professor Benedito Viana Freitas, tem o objetivo de identificar indivíduos portadores de fissuras labiopalatais, problema que causa deformidades nos lábios e nos dentes. O projeto está orçado em 593 mil reais e será financiado pelo Governo do Estado.

As deformidades craniofaciais são um problema comum em todo o mundo. No Brasil, o número de pessoas com a doença chega a 273 mil, segundo dados do Hospital de Reabilitação das Anomalias Craniofaciais, da Universidade de São Paulo (Centrinho), referência mundial no assunto. No Maranhão, estima-se que haja 13 mil indivíduos com o problema. Só no Centrinho, existem oito mil maranhenses cadastrados. Ainda assim, o Estado não possui nenhum centro de tratamento para a deformidade, que requer uma terapêutica multidisciplinar. “O projeto é pioneiro no Maranhão e estamos reunindo uma equipe composta por odontólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, cirurgião plástico, assistentes sociais, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas e pedagogos. Assim pretendemos abarcar todas as conseqüências da doença e trata-la de maneira eficaz”, explica o coordenador do projeto, Dr. Benedito Viana Freitas.

O caráter multidisciplinar dos envolvidos no projeto deve-se, justamente, às conseqüências do problema. Geralmente, um indivíduo portador das fissuras sofre de outros problemas, como voz fanhosa e dificuldades respiratórias. “Além disso, tendem a ser crianças que acabam excluídas do convívio social, por não serem aceitas por outras da mesma idade. Até para estudar é complicado, pois não há como esconder a doença. Nesse aspecto, por exemplo, um psicólogo é indispensável”, enfatiza o professor. A equipe do projeto também permitirá que a família tenha uma assistência adequada, no sentido de esclarecimentos sobre o problema.

A deformidade atinge os lábios, o rebordo alveolar (cavidade onde se implantam os dentes) e os palatos duro e mole, região conhecida como “céu da boca”. Forma-se uma espécie de canal que provoca o deslocamento do ar para a parte superior da cabeça, o que gera problemas na voz. Mas as implicações não se resumem a isso. Alimentar-se passa a ser um sacrifício, pois há constantes engasgos. Em recém-nascidos, o problema é ainda mais grave e as mães precisam agir como verdadeiras vigilantes impedindo o sufocamento da criança.

Nos lábios, a doença provoca um puxamento da parte superior, o que, em alguns casos, promove a modificação de toda essa região do rosto e os dentes, que acabam defeituosos, ficam aparentes. Aliás, dentes estragados também são comuns nesse processo.

A fissura pode desenvolver-se somente nos lábios ou no palato. Neste último caso, pode ser pré-forâme (parte anterior do palato, em frente aos dentes), pós-forâme (atrás dos dentes) ou trans-forâme, quando abrange todo o palato formando um canal. Mas existem casos mais graves, em que o problema atinge toda a boca.

A anomalia pode ser detectada ainda no útero materno. Isso porque a face costuma formar-se entre a quarta e oitava semana de gestação. Apesar disso, a primeira cirurgia só pode ser feita quando a criança chega aos três meses de idade e unicamente nos lábios. A abertura do palato só pode ser fechada quando o portador chega ao primeiro ano de vida.

A anomalia tem diversas causas, entre as quais uso de drogas anticonvulsivantes (que tratam a epilepsia), viroses, como a rubéola, e deficiências nutricionais. Medicamentos abortivos também podem desencadear a doença. “Mas não há nenhuma comprovação de que um desses fatores, isoladamente, possa provocar o problema”, explica Benedito Viana Freitas.

O projeto foi iniciado em 2000 e no município de Primeira Cruz as pesquisas foram concluídas. Na cidade, constatou-se um número elevado de pessoas com as fissuras labiopalatais. A cada 612 moradores, um apresentava a doença. Algumas delas, inclusive, já haviam passado por algum tipo de intervenção cirúrgica em hospitais de São Luís. “Entretanto, essas cirurgias não contemplam todo o problema, pois, geralmente, resumem-se a resolver a abertura nos lábios”, afirma o professor.

Outro dado importante constatado na pesquisa é que não há nenhuma relação entre a baixa renda e o surgimento das fissuras. Segundo Benedito Viana Freitas, o Japão é o país com maior incidência da doença e a Noruega, outro país desenvolvido economicamente, apresenta índices significativos.

O Centro de Tratamento em São Luís funcionará em um imóvel ao lado do Hospital Universitário. O espaço será adquirido assim que for liberada a verba pelo Governo do Estado, que servirá também para a aquisição dos equipamentos. Depois de credenciado pelo Ministério da Saúde, todos os custos serão pagos pelo Sistema único de Saúde, SUS. Serão feitas triagens nos consultórios odontológicos e, após, o encaminhamento para o tratamento adequado.

As cirurgias serão feitas no Hospital Universitário, que cederá toda a infraestrutura de equipamentos e de profissionais. Caso o portador da anomalia seja adulto, terá que fazer um tratamento odontológico antes de submeter-se à cirurgia. “Tantos os dentes quanto a gengiva devem estar em perfeito estado de saúde para que se possa avançar nos procedimentos”, explica Benedito Viana Freitas.

Está sendo solicitado um convênio com o Hospital de Reabilitação das Anomalias Craniofaciais, da Universidade de São Paulo, considerado referência mundial no assunto. A parceria com o Hospital prevê, inclusive, estágio para os profissionais envolvidos no projeto e um mestrado na área de fissuras labiopalatais. “Neste caso, os profissionais vêm de lá para as aulas aqui em São Luís. É a vez deles propagarem os métodos, desenvolvidos com a ajuda de profissionais americanos, pelo Brasil”, finaliza o professor.


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