UFMA

SÃO LUÍS - A ocupação francesa em São Luís deixou reflexos que podem ser observados ainda nos dias atuais. Um deles que está em evidência é o próprio nome da nossa cidade, chamada São Luís em homenagem ao Rei Luís XIII, considerado, na época, o “rei menino”. Luís XIII, filho de Henrique IV e Maria de Médici, foi coroado rei da França em 1610, quando tinha apenas nove anos, mas só assumiu o reino quando completou 17 anos. A Mostra França Equinocial para Sempre, que foi organizada pelo professor Antonio Noberto, coloca o espectador frente a frente com esse importante personagem da história. Em quadro, o rei Luís XIII é retratado no auge do seu reinado. A obra demonstra bem a vaidade do rei que lançou a moda das perucas na França.

Histórias sobre as lutas religiosas durante a ocupação francesa em São Luís podem ser percebidas por trás desse quadro. A história conta que a católica rainha Maria de Médici, mãe de Luís XIII, estava insatisfeita com o rei Henrique IV, por conta da promulgação do Édito de Nantes, que dava liberdade religiosa a todos os huguenotes (protestantes franceses), e por causa das intenções do rei de criar colônias calvinistas no Novo Mundo. Mesmo com o assassinato do rei, a rainha não pôde impedir a expedição de La Ravardiere, pois não tinha autoridade para revogar uma lei e o rei Luís XIII, ainda criança, não poderia reinar em plenitude.

Então, Daniel de La Touche, intitulado Senhor de La Ravardiere, continuou sua expedição e veio para São Luís. Pressionada pelos embaixadores da Espanha em Paris que insistiam pelo fim da Nova França no Maranhão, a rainha tentou limitar as ações de Daniel de La Touche, colocando na expedição os frades capuchinhos, dentre eles, o missionário Claude d'Abbeville. Em 1615, o casamento de Luís XIII e Ana de Áustria representou a união das coroas francesa e espanhola e a adesão do catolicismo como religião oficial da França.

A consequência dessa união foi o enfraquecimento da ocupação francesa em São Luís e, portanto, um entrave para o desenvolvimento da França Equinocial no Maranhão, tendo em vista que a Espanha, na época da União Ibérica, governava sobre Portugal e suas colônias. Com 17 anos, o “rei menino” mandou exilar a própria mãe e assassinar os conselheiros Concino Concini e sua esposa Leonora Galigai, que, durante a menoridade de Luís XIII, governaram a França. Em 1622, Luís XIII criou uma guarda pessoal, nascendo assim a companhia dos mosqueteiros do rei, inspiração para a história de D’Artagnan e os três mosqueteiros, Athos, Porthos e Aramis, que participaram de grandes aventuras a serviço do Rei Luís XIII e da Rainha Ana D’Áustria. Mas essa é uma história que aconteceu anos após o fim da França Equinocial.