UFMA

A disciplina Escultura, ministrada pelo professor do curso de Educação Artística da UFMA, Eugênio Araújo, no primeiro período de 2003, será encerrada com uma grande exposição de artes plásticas, reunindo somente trabalhos contemporâneos de esculturas e instalações dos alunos participantes. A abertura da mostra será nesta quinta, 24, às 19h, na Galeria Antonio Almeida do Palacete Gentil Braga, quando haverá a apresentação dos novos artistas ao público.

A exposição "Esculturas e Instalações Contemporâneas" integra o Programa de Apoio às Artes Plásticas. A promoção é do Departamento de Assuntos Culturais/PREXAE da UFMA e Consórcio Alumar. "A mostra faz parte da nova política de aproximação entre os Departamentos de Artes e de Assuntos Culturais", observa Eugênio Araújo.

"As galerias de arte do Palacete Gentil Braga vão receber ainda novas exposições de professores e alunos do Curso de Educação Artística da UFMA, como culminância do processo ensino-aprendizagem, com uma produção baseada em pesquisas e estudos realizados em sala de aula", explica o professor Eugênio Araújo. A mostra terá ainda a participação do Grupo de Teatro Experimental do CINTRA, dirigido professor e artista plástico, que fará uma performance sobre a fome.

A exposição é fruto do esforço dos alunos para dominarem a história da escultura e algumas de suas técnicas, especialmente as contemporâneas. “São Luís vive hoje uma carência grande em relação às manifestações culturais de ordem mais moderna e contemporânea. A regionalização dá o tom para investimentos. Creio que o papel de uma instituição como a UFMA é tentar superar tal condição, desde a formação de seus alunos. Um professor de arte não pode trabalhar apenas com as linguagens regionais. Ele precisa saber o que acontece no mundo”, diz.

A produção apresentada nesta exposição é voltada para as linguagens contemporâneas: minimalismo, conceitualismo e instalações. São trabalhos instigantes que não visam a comercialização e querem estabelecer um diálogo com o espectador. Por vezes explorando as peculiaridades de cada material e suas várias possibilidades expressivas, os alunos conseguem resultados curiosos. Há peças feitas de papel higiênico e discos de vinil. Outras vezes o que mais importa é a idéia por trás da obra.

Vários temas foram explorados. Vão desde a guerra no Iraque, ecologia, a indústria farmacêutica, até o programa Fome Zero do governo que gerou uma série de trabalhos fotográficos. Há uma trabalho feito com garrafas cheias de água do Rio Anil, que chama atenção para os níveis de poluição ali presentes. Há peças interativas, nas quais o espectador deve penetrar. E também os móbiles, que introduziram a idéia de uma escultura dinâmica, leve, em movimento, interagindo com o ar.

Para o público é uma boa oportunidade de entrar em contato com outras formas de produzir, ver e entender a escultura. Todos os trabalhos foram discutidos em sala de aula, debatidos e aperfeiçoados coletivamente. A orientação do professor funciona mais no sentido da indicação de leituras, e aperfeiçoamento das propostas dos alunos, cortando exageros e repetições, enfatizando os contrastes mais importantes, etc. Discutindo a realidade atual associada ao aspecto técnico de como tornar visível uma idéia, a disciplina avançou muito e vem preencher uma lacuna no campo das artes em São Luís.

“Praticamente não temos artistas que trabalhem com estas linguagens na cidade, já que elas não dão retorno financeiro e não contam com patrocínio do governo. É importante aproveitar e clientela de classe média dos alunos da UFMA, que tem certa autonomia econômica, e procurar explorar com ela estes outros caminhos. Toda cidade precisa de uma arte e de artistas que discutam a arte tida como oficial. Toda arte oficial é monitorada, tanto na forma como no conteúdo. A proposta da exposição é também fugir das padronizações”, diz Eugênio.