UFMA

A VIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste (ABANNE), realizada em São Luís(MA), de 1 a 4 de julho, serviu para demonstrar que a antropologia no Brasil está crescendo, em qualidade e quantidade, e ampliando a sua inserção na luta pelos direitos humanos no país.

O encontro foi organizado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em conjunto com a Associação Brasileira de Antropologia (ABA). A programação incluiu mais de cinqüenta atividades divididas entre conferências, debates, grupos de trabalho, mini-cursos, oficinas, sessões de vídeo e reuniões das comissões de trabalho da ABA.

As noites do evento foram animadas pelas manifestações culturais maranhenses, graças à extensão dos festejos juninos no Centro Histórico, devido à presença dos participantes do ABANNE. Bumbas-meu-boi de vários “sotaques” (ritmos), tambor de crioula, cacuriá e outras atrações animaram os visitantes e despertaram a curiosidade pela cultura popular maranhense.

A diversidade de temas do encontro foi marcante. Comunidades negras e quilombolas rurais, povos indígenas, questões agrárias, religiões populares e afro-americanas, cultura popular, homossexualismo, história e sociologia do Norte e Nordeste, políticas públicas, antropologia e mídia, diversidade bio-cultural, entre outros, foram assuntos intensamente discutidos durante os quatro dias. Ao todo, 500 trabalhos foram inscritos, maior número já registrado no evento, que ocorre a cada dois anos.

A maioria dos debates adotou o viés dos direitos humanos como eixo principal. Segundo Gustavo Lins Ribeiro, presidente da ABA e professor da Universidade de Brasília (UnB), essa tendência está consolidada na antropologia brasileira. “A ABA vai completar cinqüenta anos e sua história é caracterizada pela defesa dos direitos humanos no Brasil, em especial os direitos humanos relacionados às chamadas minorias sociológicas, que nem sempre são minorias, como as mulheres, os negros, os índios e os homossexuais. A antropologia brasileira é muito engajada e conhecida no mundo inteiro por seus trabalhos de qualidade”, declarou Gustavo.

A preocupação em “popularizar” a Antropologia também está na pauta da ABA. Uma parceria da associação com a TV Senado vai oferecer à população leiga um maior conhecimento do trabalho antropológico. Alguns temas básicos de estudo dos antropólogos estão sendo abordados em vídeos com caráter didático e informativo. A previsão é de que os documentários comecem a ser exibidos pela TV Senado ainda este ano. A exibição em redes de TV aberta também está na perspectiva da ABA. Além disso, está nos planos a produção de uma cartilha que torne mais acessível o mundo da Antropologia.

O encontro nacional da ABA de 2004 vai acontecer em Recife(PE). A sede da ABANNE/2005 ainda não foi definida.