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A Pré-História do Maranhão

Publicado em: 17/01/2007

Velociraptoríneos que habitaram o Maranhão milhões de anos atrás
A fauna pré-histórica maranhense ganhou novos membros. É o que sugere um recente estudo desenvolvido em um dos mais ricos sítios paleontológicos do Brasil: a Laje do Coringa, na Ilha do Cajual, norte do Maranhão. As novas descobertas são o produto de uma já consagrada parceria entre os grupos de pesquisa da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e da UNESP (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro. A partir de diversos dentes fossilizados coletados na região, os pesquisadores encontraram evidências que apontam para a existência de formas animais até então desconhecidas que teriam habitado o Norte do Maranhão, entre 100 e 95 milhões de anos atrás, em um período da história do planeta conhecido como Cretáceo.

A investigação vem sendo desenvolvida pelo paleobiólogo e mestre pela (UNESP) Felipe Alves Elias, em conjunto com o Prof. Dr. Manuel A. Medeiros, da (UFMA). A partir da análise de dois pequenos dentes de bordas altamente cortantes encontrados na Ilha do Cajual, os pesquisadores reconheceram um grupo de dinossauros carnívoros conhecidos como Velociraptorinae. Suspeitas da existência desse tipo de dinossauro no passado da região maranhense remontam ao final da década de 90, os novos dados não apenas parecem confirmar essas suspeitas como também sugerem a existência de uma grande diversidade desses animais, já que os dentes analisados diferem de quaisquer outros já catalogados.

Membros de um grupo de dinossauros carnívoros que variavam do tamanho de um peru ao de uma ema, os velociraptoríneos caracterizavam-se por possuírem cauda longa e rígida, membros dianteiros vigorosos, postura bípede e patas traseiras munidas de garras recurvadas e pontiagudas – armas poderosas utilizadas para auxiliar no abate de suas presas. Recentes descobertas na China sugerem também que estes animais eram provavelmente emplumados, algo que os aproxima de seus parentes modernos mais próximos, as aves. Estes pequenos carnívoros, famosos após serem retratados na produção hollywoodiana “Jurassic Park”, já eram conhecidos no Brasil nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, porém datavam de épocas mais recentes (entre 80 e 65 milhões de anos).

O resultado mais empolgante do estudo veio, porém, através da descoberta de dentes alongados e pontiagudos, atribuídos a pterossauros - criaturas voadoras consideradas parentes próximos dos dinossauros. No Brasil, o mais importante registro destes animais encontra-se na chapada do Araripe, fronteira entre os estados do Piauí, Ceará e Pernambuco. Esta é a primeira evidência do grupo no Maranhão e uma das poucas em território brasileiro fora da região do Araripe.

As características dos dentes analisados sugerem que no Maranhão existiram pelo menos dois grupos distintos de pterossauros, os Anhangueridae e os Ornithocheiridae. Os Anhangueridae tinham entre 3 e 6metros de envergadura de asa e eram dotados de estranhas cristas na ponta do focinho. Já os Ornithocheiridae eram provavelmente menores e possuiam dentes longos e comprimidos lateralmente. Fósseis de ambos os grupos também podem ser encontrados na região do Araripe, e embora apenas através da morfologia (análise da forma) dos dentes, não seja possível definir com precisão a que espécies pertenciam, é provável que os pterossauros maranhenses tivessem um parentesco próximo com as formas que habitavam aquela região.

Os pesquisadores também encontraram semelhanças morfológicas entre vários dos exemplares analisados durante a investigação (incluindo velociraptoríneos e pterossauros) e formas presentes no mesmo período histórico na África. Tais semelhanças reforçam uma longa linha de evidências anteriores que já apontavam para uma proximidade evolutiva entre as faunas maranhense e norte-africana, mesmo no estágio final de ruptura das duas massas continentais.

Todas estas novas descobertas reforçam a necessidade de uma continuidade nos estudos paleobiológicos na região. Por sua diversidade de fósseis e importância como marco de estudo dos processos evolutivos que moldaram as espécies animais antes, durante e após a separação entre a América do Sul e a África, a Ilha do Cajual no Maranhão já faz parte do conjunto dos grandes sítios paleobiológicos de interesse da comunidade científica. Representa, de forma não menos importante, um inestimável patrimônio cultural e um promissor recurso turisticamente explorável na região norte maranhense, que merece e deve ser preservado para as futuras gerações.
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