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Formatura do Vale Alfabetizar

Publicado em: 11/01/2007

Turma do projeto Vale Alfabetizar no Núcleo de Esportes da UFMA
Na noite da última quarta-feira, 426 moradores da área Itaqui-Bacanga, região circunvizinha ao Campus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em São Luís, concluíram os estudos promovidos pelo projeto “Vale Alfabetizar”. A formatura, realizada no Núcleo de Esportes da Universidade, marcou uma nova etapa do projeto. Foi a primeira vez que a ação – difundida nacionalmente - formou uma turma em São Luís; antes, o programa já havia beneficiado moradores de municípios maranhenses situados ao longo da Ferrovia de Carajás.

O projeto é uma iniciativa da Fundação Vale do Rio Doce (FVRD) em parceria com a UFMA, a Ong Alfabetização Solidária (ALFASOL) e a Associação Comunitária Itaqui-Bacanga (ACIB). A Universidade se juntou ao projeto com o intuito de socializar a experiência obtida em ações empreendidas no interior do Maranhão.

“A Vale propôs uma parceria em que, na verdade, toda a experiência vai da Universidade: a coordenação, a experiência pedagógica, o grupo de alunos e professores. É importantíssimo que a Vale tenha abraçado essa causa, que é uma causa social das mais nobres”, disse o reitor da UFMA, professor doutor Fernando Ramos. Ele acredita que difundir a educação é um dever da universidade pública e que ações como essa “não devem ser vistas como algo secundário, mas como um compromisso permanente”.

O gerente geral de infra-estrutura da CVRD, Edgar Reis, avaliou o projeto de forma positiva, reiterando que todos os objetivos inicialmente propostos foram alcançados.
“Temos nesse projeto a UFMA - que é nosso parceiro de longa data - e a instituição Alfabetização Solidária. Acho que o sucesso é fruto da parceria; cada um traz a sua competência para poder proporcionar o sucesso”, disse.

Grande maioria dos formandos tem em comum um passado de dificuldades. A maioria não iniciou os estudos devido a problemas financeiros; o trabalho árduo adiou os sonhos de muitos deles. Mas esse quadro está começando a mudar.

Um recomeço, décadas depois

Exemplos disso são os alunos Pedro Viana, 49, e Maria Santos, 46. Ambos dizem ter tido experiências inesquecíveis em sala de aula e afirmam que o projeto lhes proporcionou a esperança de dias melhores.

Pedro Viana, que é motorista, já está colocando em prática o que aprendeu durante as aulas. “Estou utilizando a matemática, a redação – o que para mim era bem difícil, mas estou aprendendo”, diagnosticou. Morador da Vila Mauro Fecury II, Viana, ao ser questionado sobre o futuro, responde timidamente que “Sim, mais ou menos”. A incerteza advém da crença de que já estaria em idade avançada. Contudo, ao lembrar dos progressos feitos nos últimos meses, ele logo expõe seus planos. “Quero ter meu segundo grau completo, entrar na faculdade e me formar em engenharia”.

De família humilde, Viana afirma que trabalhou desde cedo para ajudar a família. Ele nasceu em Barreirinhas, numa área conhecida como Maçangana, onde trabalhou durante anos com o cultivo de mandioca. Uma de suas irmãs conseguiu estudar, mas ele ficou incumbido de ajudar a família.

Hoje, Viana diz que trabalha dia e noite para manter a educação dos filhos. “Eles estão estudando, além de fazer cursos profissionalizantes. Estou ‘suando’ para pagar as mensalidades. Eu digo: meu filho, é por aqui... Sigam as carreiras de vocês, porque eu vou lutar com vocês”, afirmou. Emocionado, afirmou que sua maior felicidade é entender as palavras impressas na bíblia.

Maria Santos também não teve a oportunidade de estudar quando jovem; quadro que não se repetiu com os filhos: todos ingressaram na escola. Ela, que veio do município de Olinda Nova, no interior maranhense, trabalhou na roça até os quinze anos. Anos depois, começou a trabalhar como empregada doméstica, atividade que empreendeu até os trinta e cinco anos. Hoje, trabalha com a venda de produtos cosméticos.

“Aprendi muita coisa, porque antigamente a gente não tinha oportunidade. Agora eu já posso fazer algo que traga benefício para mim”, afirmou. Santos, que mora no bairro do Anjo da Guarda, está exercitando a leitura com revistas de todos os gêneros. Mas faz questão de pontuar que seu maior prazer é ler a bíblia.

Os alunos atribuem o bom desempenho ao método utilizado no projeto. Eles afirmam que o ensino não ocorreu de forma abrupta - com um conteúdo estranho às suas realidades profissionais - mas que o processo fora feito de forma muito sutil.

O Método: pedagogia da libertação

Benedita Cordeiro, 41, é educadora do Vale Alfabetizar. Formada no magistério, prestes a concluir o curso de Pedagogia Cristã no Centro Ecumênico de Ensinos Religiosos, ela afirma ter adotado o método pedagógico proposto pelo educador brasileiro Paulo Freire. Jogos e gravuras foram utilizados para facilitar o aprendizado, que privilegiou o conhecimento do aluno.

“A gente trabalhou em cima da profissão deles. Por exemplo, os pescadores. Trabalhamos o que eles utilizam no dia-a-dia e a forma como aplicam esse trabalho”, explicou. Cordeiro já se engajou em outros projetos, mas concluiu que o Vale Alfabetizar possui características inovadoras. “A forma como esse projeto está trabalhando tornou tudo mais prático. Casar arte e alfabetização também foi muito benéfico, uma nova experiência pra mim”.

Também faz parte da pedagogia freireanista uma concepção dialógica da educação. Para estabelecer uma integração com os educandos, Cordeiro optou por empreender uma troca de informações. “Na maioria das vezes precisamos estar ombro a ombro. É claro que temos um pouco mais de conhecimento, só que esse conhecimento é teórico. Eles têm o conhecimento prático. Então, somos iguais. Nós trocamos valores e informações, para que haja um aprendizado”, avaliou.

O projeto, que começou como uma boa oportunidade de inserir novas pessoas no mundo das letras, culminou produzindo laços de amizade. Os alunos pediram à educadora - que deixará o curso em breve - para que ela continuasse a lecionar, em sua própria casa.
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