UFMA

Francisco Júnior

Aos três anos de idade, Isabelle se preocupa mais em brincar com a cadeira do Auditório Central da UFMA, e dá pouca atenção ao agitado debate que toma conta do local, onde defensores e opositores da implantação do Pólo Siderúrgico em São Luís, fazem um acirrado duelo verbal, na audiência pública, realizada na última segunda-feira, dia 29 de agosto, pela Câmara de Vereadores para debater a Lei de Zoneamento da Ilha.

Fruto de uma parceria entre a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Governo do Estado, Prefeitura de São Luís e as multinacionais Baoosteel (chinesa), Posco (sulcoreana) e Arcelor (européia, o Pólo Siderúrgico consiste na instalação eu uma área de 2.472 hectares) três usinas e duas gusarias com capacidade de produção de 72% do aço nacional.

Sob o olhar cuidadoso da mãe, mais atenada em vigiar a filha, do que nas discussões que tomavam conta do auditório, Isabelle terá seu futuro definido pelos vereadores da Câmara Municipal de São Luís, que irão decidir se alteram ou não a Lei de Zoneamento Uso e Ocupação do Sólo Urbano, transformando a área onde ela mora, a Vila Maranhão, em Zona Industrial, o que permitiria a implantação do pólo.

Na audiência , a terceira de uma série de seis, programadas pela Câmara Municipal e coordenada pelo presidente da casa, o vereador Isaias Pereira, os ânimos exaltados deram o tom das discussões. Um grupo de moradores do povoado de Cajueiro, incluído na área atingida pelo projeto, tomou conta da parte central do auditório e formou um coro favorável à implantação do Pólo Siderúrgico.

No fundo do auditório, um grupo de estudantes, comandados por militantes do PSTU, PSol e PV, bradava grito de protestos contra o pólo, apoiado por representantes de entidades ambientalistas e moradores de outras áreas que estão na esfera de ambrangência do projeto, cuja implantação pretende atingir uma região conhecida como ZR 10, onde estão situadas as comunidades de Vila Maranhão, Porto Grande, Taim, Cajueiro e Rio dos Cachorros.

Emprego e indenização e desenvolvimento foram as palavras mais usadas nos pronunciamentos dos defensores do projeto.Os opositores do pólo rebatiam dizendo que a indenização prometida é muito pequena, o emprego será para poucos e o empreendimento vai trazer grandes danos ambientais à ilha.

Ocorrida em uma universidade pública, espaço marcado pela pluralidade de opiniões e liberdade de manifestação, a audiência foi marcada pelo signo da exaltação e ofereceu subsídios para que os vereadores possam tomar a decisão sobre um tema polêmico, que embora esteja ausente do universo infantil da pequena Isabelle, é crucial para seu futuro e de interesse de toda a coletividade.