UFMA

Se, durante seu sono, você apresenta algum tipo de transtorno, que considera comum, tal como sonambulismo ou agitações frequentes, fique atento. Um estudo publicado pela versão digital da Revista Neurology concluiu que pessoas com algum tipo de transtorno podem ter maior risco de desenvolver doenças neurodegenarativas, como Mal de Parkinson, Alzheimer e Demência com Corpos de Lewy.

Participaram do estudo, 93 pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno e que não apresentavam sinais de doenças ligadas à degeneração neural, sendo acompanhadas durante o período de cinco anos. Nesse intervalo, 26 pessoas desenvolveram males neurodegenerativos.

A professora do Departamento de Medicina e neurologista do Hospital Materno Infantil, Doroty Trinta, explica que esses transtornos não devem ser entendidos, de imediato, como as causas dessas doenças. Ela atenta para estes como fatores que fazem parte (ou fase inicial) da enfermidade, mesmo que esta se desenvolva em longo prazo.

“Há, também, estudos dizendo que estes distúrbios poderiam ser os primeiros sinais desses tipos de doença” é o que afirma a neurologista, considerando que estes sinais podem funcionar como um alerta para o indivíduo.

Entenda o assunto

A especialista explica que há, basicamente, duas classificações para esses distúrbios. As dissonias e as parassonias. A primeira compreende perturbações na hora de dormir, trazendo perturbações posteriores como insônia ou, em contrapartida, sonolência durante o dia, em horários não usuais. Dentro dessas perturbações, estariam os problemas respiratórios, um dos responsáveis por atrapalhar a soneca de algumas pessoas.

Por outro lado, as parassonias seriam caracterizadas por movimentação ou comportamentos incomuns durante o sono, a exemplo do sonambulismo.

Doroty alerta para alguns fatores e condutas inadequados do cotidiano, que são contribuintes para problemas na hora de dormir, como obesidade, sedentarismo, maus hábitos alimentares, consumo de álcool e drogas e, por último mas não menos influente, a idade. “São muitas causas. Estas trabalham em conjunto e podem causar estes distúrbios”, afirma.

Doenças Neurodegenerativas

Até os dias atuais, não foi encontrada cura para essa categoria, apesar de haver tratamentos com medicações que amenizam os sintomas. “Doenças neurodegenerativas são crônicas e se estabelecem de forma silenciosa, com uma evolução progressiva”, alerta Doroty.

O indicado, para quem apresenta transtornos no sono e tenha interesse em se prevenir com relação a essas doenças, é a procura por um profissional habilitado na área de Medicina do sono.

Perfil

Doroty Antônia Lopes Trinta é graduada em Neurologia pela UFMA. É membro da Academia Brasileira de Neurologia e membro efetivo da Associação Brasileira do Sono.