UFMA

O Fórum de Graduação 2009 da UFMA será realizado nos próximos dias 29 e 30 de outubro, no Hotel Abbeville, a partir de 8h da manhã. O evento é um dos pontos mais importantes da programação de comemoração dos 43 da UFMA, já que discute o planejamento acadêmico. Para o reitor Natalino Salgado esta é uma das principais metas da sua gestão: fortalecer o ensino de qualidade na Instituição.

A seguir, confira uma entrevista com o pró-reitor de Graduação, Aldir Araújo Filho:

ASCOM: Ano passado se discutiu os desafios para a reestruturação da UFMA e a democratização do acesso ao ensino superior com o REUNI. De fato isto tem ocorrido, de que forma?

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO: O Fórum de 2008 (o primeiro da atual gestão), como não poderia deixar de ser, teve como foco a reestruturação da Universidade. Em virtude das discussões que tivemos e das comissões de trabalho que lá foram montadas, desde então muita coisa mudou. Reformulação de projetos pedagógicos, reformulação do processo de concursos públicos da UFMA, completa reformulação do estágio, reestruturação da própria PROEN, tanto de sua estrutura interna quanto de suas operações, descentralizando e repartindo a responsabilidade com os gestores universitários, especialmente coordenadores e chefes de departamento. Está em curso ainda a reformulação do planejamento acadêmico, que deverá ser concluída na plenária final do Fórum de 2009. Por último, a adesão da UFMA ao SISU, o Sistema Unificado de Seleção (Novo ENEM), mostrou que a nossa Universidade está madura para dar os passos necessários rumo à excelência e não teme arriscar, se for preciso, para saltar os obstáculos com que tem se deparado nos últimos anos. Os números do novo ENEM são tão expressivos que são suficientes para dirimir as dúvidas que porventura restassem, no sentido da democratização do acesso, sem perda das conquistas em termos de ação afirmativa que já havíamos feito. Além disso, estamos amadurecendo também as discussões relativas às questões da formação de professores, que terão no Fórum das Licenciaturas (a acontecer em fins de novembro ou dezembro) um espaço adequado para seu encaminhamento. E, por fim, as discussões maiores, que são o Projeto Pedagógico Institucional e o Regulamento Geral dos Cursos Superiores, pelo qual consolidaremos um novo e avançado perfil de nossa Universidade.

ASCOM: No Fórum deste ano, o tema será planejamento acadêmico. Quais serão os principais pontos de debate? Por que foi escolhido este assunto?

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO: O planejamento acadêmico é o instrumento principal da gestão universitária. Apenas por meio dele é que os docentes - o recurso humano sem o qual não faz sentido falar em universidade - conseguem se organizar para ministrar os cursos e desenvolver as atividades de ensino, encontrar os espaços e tempos para realizar as pesquisas que fazem avançar o conhecimento e abrir as necessárias frentes de contato com a sociedade, por meio das ações, programas e projetos de extensão, incluindo a prestação de serviços que só a Universidade pode oferecer. O que estará em debate no Fórum de Graduação 2009 é a forma final da resolução a ser encaminhada ao CONSEPE, um documento que já vem sendo discutido desde o Fórum do ano passado, passou por uma fase intensa de discussão no segundo semestre de 2008, foi aprimorado mais recentemente junto à Administração Superior e, por fim, está sendo encaminhado para a sua necessária conclusão.

ASCOM: A prova do Enem como novo processo de ingresso na Universidade, este assunto também será debatido?

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO: Não está na pauta do Fórum, originalmente. Mas é possível que a comunidade queira, pelo menos, informar-se sobre os desdobramentos do processo que, nesse meio tempo, a PROEN, como operadora do sistema acadêmico e de ingresso, vem desenvolvendo e acompanhando junto ao MEC. Mas não é necessário o Fórum para tomar essas informações. Elas podem ser disponibilizadas pela PROEN a qualquer tempo, basta solicitar. Mas nosso tempo neste Fórum não permitirá propriamente um debate desse assunto.

ASCOM: Melhorias de infraestrutura, novas instalações, novo processo seletivo, abertura de concursos públicos, A Universidade passa por um momento ímpar, de renovação. Quais são os desafios do próximo ano?

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO: Como disse antes, considero que os principais desafios sejam a consolidação do projeto pedagógico institucional, o formato geral dos nossos cursos, com suas possibilidades e limitações e, em virtude desse projeto, sermos capazes de construir a regulação adequada, isto é, um novo e eficaz regulamento geral dos cursos superiores. Mas do ponto de vista mais imediato, o principal desafio será a instalação dos vários cursos novos, com formatos bastante novos, tais como as licenciaturas interdisciplinares, nos campi do continente, e as engenharias, em São Luís. Estas últimas pressupõem o bacharelado em Ciência e Tecnologia como primeiro estágio de formação. E estamos com uma expectativa muito positiva para o início das atividades do Centro Pedagógico Paulo Freire, com a proposta de um novo modelo de gestão dos espaços acadêmicos funcionando nos três turnos.

ASCOM: Hoje, como o senhor avalia o ensino superior no Brasil?

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO: Houve um avanço bastante considerável, em termos de expansão de oferta de vagas e de geração de infraestrutura, sobretudo na ampliação do quadro de professores, e, em particular no caso da UFMA, professores mais titulados. Mas, no geral, ainda estamos muito tímidos com relação a mudanças pedagógicas fundamentais. E a mais fundamental de todas é colocar, de vez e definitivamente, o estudante como foco do processo de ensino e aprendizagem na Universidade. Sobretudo, precisamos romper preconceitos e superar posições que, se em outros tempos fizeram todo sentido, hoje mais atrapalham do que impulsionam uma formação superior de qualidade. Não podemos continuar a fazer mais o mesmo. Enquanto o Brasil continuar nas últimas posições das avaliações internacionais em educação básica, não poderemos nos vangloriar de nosso ensino superior. E mesmo que tenhamos avançado no ranking dos países produtores de conhecimento, pelo número de pesquisas e publicações, há um teto que não poderemos ultrapassar, enquanto não superarmos a concepção enrijecida que ainda predomina em nossa academia. Mas sou otimista. Acredito que essas mudanças não irão demorar tanto assim. E a UFMA já está se preparando para elas. Posso afirmar que nossos gestores universitários, na grande maioria, compreenderam os dilemas e perigos em que nos encontramos e estão muito empenhados em responder positivamente a essas demandas. Há um futuro muito promissor para nossa Universidade.