UFMA

A iconografia é um processo que envolve a identificação, descrição, classificação e interpretação dos significados simbólicos dos fazeres, saberes e história de um grupo ou cultura e, ainda, de forma tangível, seus objetos, arquitetura e imagens que também podem ser chamados de cultura material. O Departamento de Desenho e Tecnologia da UFMA desenvolve, há um ano, uma ação integrada realizada por estudantes e pesquisadores do curso junto a grupos tradicionais da cultura popular em São Luís, que tem como direcionamento a pesquisa iconográfica.

Segundo a coordenadora do projeto, Raquel Noronha, os objetivos da pesquisa consistem em construir uma iconografia da identidade do patrimônio material e imaterial desses grupos. A principal ação de “Iconografias do Maranhão” é a realização de um mapeamento de elementos estéticos e culturais que identificam vários dos grupos de culturas tradicionais de cultura popular por meio de entrevistas e observação de pessoas que estão diretamente envolvidas diariamente nesse processo. O projeto foi contemplado pelo edital do PROEXT-CULTURA 2008, tem como patrocinadores a Petrobras e Governo Feral, por meio dos Ministérios da Cultura e Educação. Conta, ainda, com o apoio do SEBRAE-MA e é promovido pela Fundação Sousândrade e Faculdade Federal de São João Del Rei, MG.

Pesquisadores e estudantes vivenciam a cultura desses grupos tradicionais através do contato com a comunidade, buscando reconhecer o contexto social, realidade, formas e expressões, identificando o que pode ser transformado em ícones. Após esta ação, o próximo passo é voltar a essas comunidades com esses ícones prontos. A partir daí, em oficinas oferecidas pelo projeto, são desenvolvidos produtos baseados nesses ícones relacionados com a produção artesanal de cada um deles, como artefatos e peças gráficas, produzindo potencialmente geração de renda para os próprios grupos.

O projeto também traz como inovação novas tendências aplicadas às metodológicas do design. O enfoque da pesquisa vem da etnografia (uma abordagem antropológica do design). Raquel Noronha diz que o interesse em trabalhar com o projeto surgiu da sua dissertação de mestrado que tem como tema as noções de patrimônio e suas representações como ícone da identidade local. Os participantes dos grupos tradicionais de cultura popular são envolvidos nos trabalhos realizados pelos pesquisadores. As pessoas que atuam nesses grupos tornam-se protagonistas da produção e qualificação artesanal, gerando novos conhecimentos em design, qualificando o processo de ensino e aprendizagem dos alunos e a oportunidade de geração de renda aos grupos.

A coordenadora explica que o projeto é desenvolvido nas dependências do DEDET, Centro de Ciências Exatas e Tecnologia (CCET), e nas visitas que também são feitas nas comunidades. A fase das oficinas vai ser realizada tanto dentro da Universidade como nas comunidades envolvidas. O grupo vai trabalhar principalmente com a serigrafia e todas as oficinas serão voltadas para o artesanato, aperfeiçoando o que eles próprios já produzem.

O encerramento do projeto está previsto para o fim deste ano com o lançamento de um livro, um CD–ROM e uma exposição. O material audiovisual e impresso faz a catalogação de 13 grupos da cultura afro-maranhense, incluindo terreiros, grupos de bumba-meu-boi, tambor de crioula e blocos afro. O livro será lançado na ocasião da Feira do Livro, em outubro deste ano. Raquel conta que o projeto deve continuar, com a próxima etapa de trabalho na cidade de Alcântara.

Desde que se iniciou, o projeto já teve a participação de 180 alunos do curso de Desenho e Tecnologia, quatro orientandos, dois bolsistas, dois pesquisadores da Pós- Graduação e 13 grupos de cultura tradicionais da ilha.