UFMA

SÃO LUÍS – Criado no ano de 2000, por Larissa Nascimento Barreto, professora do departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão, o Projeto Queamar (Quelônios Aquáticos do Maranhão), em parceria com o Departamento de Biologia da UFMA, identificou, por meio de DNA coletado de tartarugas mortas encontradas na região dos Lençóis Maranhenses, as tartarugas híbridas, que são resultantes do cruzamento da Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva, tartaruga-olivácea ou tartaruga-pequena) e Chelonia mydas (tartaruga-verde).

Segundo Larissa, o hibridismo pode acelerar o processo de extinção dessas espécies de tartarugas. “O que descobrimos foi o primeiro caso de hibridização de tartaruga-verde e tartaruga-oliva. Há registro na literatura de outros casos, entre a tartaruga-verde e a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), mas não dessas duas espécies”, pontua.

Luís Fernando Carvalho Costa, professor do departamento de Biologia, reforça que, na natureza, os híbridos não são muito bons em sobreviver nem reproduzir. “Em muitos casos, os híbridos são estéreis, e o mais clássico é o cruzamento entre o jumento e a égua, cuja fêmea resultante desse cruzamento é a mula, que é estéril. Isso para uma espécie que está em extinção é péssimo, pois não haverá descendentes para a conservação da classe”, explica.  

Larissa destaca que isso pode estar ocorrendo pela alta taxa de mortalidade de uma espécie, ou seja, o macho de um determinado grupo acaba cruzando com a fêmea de outro, porque não existe a fêmea da mesma espécie dele para o cruzamento. “Isso é especulativo. Ainda não há confirmação desse fato por meio de estudos mais elaborados. A hibridização só foi confirmada pelas análises genéticas no laboratório de Genética e Biologia Molecular da UFMA, realizada pelo professor Luís Fernando”, frisa.

São vários os impactos que o homem causa na vida das tartarugas, segundo Larissa. “Para as tartarugas marinhas, destaco as redes de arrasto, o lixo, e todos os efeitos advindos da expansão urbana, como a iluminação nas praias, veículos circulando pela orla, fora os metais pesados e os microplásticos ingeridos. Já para as tartarugas de água doce, os impactos estão relacionados a degradação dos habitats aquáticos, poluição aquática por metais pesados e esgotos, desmatamento, mudanças climáticas e patógenos”, detalha.

Saiba +

O projeto Queamar (Quelônios Aquáticos do Maranhão) desenvolve estudos com quelônios aquáticos, com enfoque nas tartarugas marinhas e de água doce na Zona Costeira e Continental do Estado do Maranhão, possibilitando a conservação dessas espécies. Atualmente, é constituído de uma equipe composta por alunos de graduação e pós-graduação dos cursos de Oceanografia e de Biologia da UFMA.

Conta com a parceria dos pesquisadores Luís Fernando Carvalho Costa, do Departamento de Biologia da UFMA; George Rebelo, do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), Juarez Pezzuti, da Universidade Federal do Pará (UFPA); Lígia Tchaicka, da Universidade Federal do Maranhão (UEMA); Maria Patrícia Brito, do Instituto Federal do Maranhão (IFMA); e Marcelo Souza, do departamento de Ciências Fisiológicas da UFMA.

As áreas de pesquisa costeira compreendem a ilha de Curupu, Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses e o município de Paulino Neves. O projeto recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) e da UFMA, além de cooperações com outros órgãos locais como a Prefeitura de Arari e a Comunidade de Pescadores da Ilha de Curupu.

 

Quer ver uma iniciativa bacana do seu curso divulgada na página oficial da UFMA? Envie informações à Ascom por WhatsApp (98) 98408-8434.
Siga a UFMA nas redes sociais: Twitter, Facebook, Instagram, YouTube e RadioTube

Produção: Luiz Gabriel Bastos
Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Allan Potter
Última alteração em: 29/05/2019 14:06