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SÃO LUÍS – O assédio é qualquer ação consumada sem consentimento, de cunho sensual ou sexual, que cause desconforto e constrangimento para a vítima. Diariamente, são noticiadas, em diversos veículos de comunicação de massa, denúncias, campanhas e informações buscando a conscientização e o suporte ao público feminino, que, infelizmente, é vítima constante desse crime de gênero.

Na Cidade Universitária Dom Delgado, a aluna do oitavo período do curso de Design da Universidade Federal do Maranhão Ana Áurea Batista de Medeiros Santos desenvolveu o projeto “Sabe o que você faz com esse fiu-fiu?”, uma cartografia que aborda o assédio e suas consequências, trazendo depoimentos e dados que endossam a gravidade de um crime que tem níveis de maior incidência no Brasil.

Ana Áurea contou que começou a se questionar sobre o assunto enquanto era graduanda do curso de Arquitetura e Urbanismo em uma instituição de ensino superior privada de São Luís.

“Comecei a refletir sobre como as cidades não eram espaços tão amigáveis para as mulheres. As estruturas físicas das cidades não são contemplativas: existem pontos que são mais perigosos para as mulheres do que para os homens. Percebe-se que os trajetos escolhidos pelas mulheres são diferentes dos trajetos realizados por homens”, dissertou.

A cartografia de Ana Áurea é resultado de um trabalho entregue para a disciplina Projeto Gráfico II, do curso de Design, ministrado pela professora Raquel Noronha. A aluna também explicou que uma das propostas da disciplina foi o desenvolvimento de cartografias sobre problemas urbanos.

“A ideia inicial era trabalhar o machismo nas cidades de uma maneira mais ampla e sem tantos recortes, mas quando comecei a investigar de forma mais profunda sobre o fato de que as cidades não são feitas para mulheres, acabei esbarrando na questão do assédio nas ruas, que se camufla em gracejos e elogios e invalida qualquer reação das mulheres que passam por essa situação”, analisou a discente.

O processo de coleta de dados por Ana Áurea se deu por pesquisas em sites voltados para a causa e também por experiências em campo. Uma das ferramentas de coleta foi a realização de um jogo em sala de aula com colegas da turma. O jogo trazia questões provocantes e possuía cinco possíveis personagens: três mulheres e dois homens.

“Em certos momentos, os homens acabavam jogando com as personagens femininas. Dessa forma, eles tinham que tentar pensar da forma que aquela mulher pensaria, colocando-se no lugar dela em uma situação de assédio na rua. O resultado fazia o homem refletir sobre seu papel nesse assunto e como ele vinha agindo até o momento. Além disso, essa experiência possibilitou que as mulheres da mesa contassem suas experiências e fossem ouvidas por eles”, complementou.

A discente sintetizou os dados obtidos em sua cartografia de forma que o conteúdo se tornasse claro para todos. As informações foram hierarquizadas para tornar mais eficaz o cunho informativo da cartografia, tanto para homens, quanto para mulheres, que, na opinião da aluna, muitas vezes se sentem sozinhas e sem credibilidade para entender toda a situação do assédio nas ruas.

Como forma de ampliação do trabalho, Ana Áurea está transformando o jogo utilizado em sala de aula para plataformas digitais, com o intuito de atingir um público maior, para além da leitura da peça gráfica desenvolvida.

Saiba mais

Uma das ferramentas que Ana Áurea utilizou em seu trabalho foi o Mapa Chega de Fiu-Fiu da organização não governamental Think Olga. O mapa exibe pontos de sua cidade onde aconteceram assédios e outros crimes de gênero, com depoimentos enviados de forma anônima.

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Produção: Marcos Paulo
Revisão: Jáder Cavalcante

Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Rodrigo Bomfim
Última alteração em: 06/02/2018 19:11