UFMA

Supermercados e lojas que utilizam sacolas plásticas para empacotamento de mercadorias deverão passar a oferecer sacolas biodegradáveis. É o que determina a lei maranhense 8.884, de autoria do deputado estadual Vitor Mendes. Com a aprovação da medida, o Maranhão passa a ser o pioneiro no Nordeste a propor a substituição de sacolas plásticas por embalagens biodegradáveis.

As sacolas biodegradáveis são aquelas confeccionadas com materiais de decomposição acelerada pela ação do calor e da luz ou microorganismos e que se desintegram por oxidação e cujo resultado da degradação seja água, gás carbônico e biomassa. Este tipo de embalagem tem um período de decomposição de aproximadamente 18 meses.
Quando não são destinadas a aterros sanitários e enterradas junto aos demais dejetos orgânicos, as sacolas plásticas chegam aos rios e mares. Nesses locais, estes objetos impendem a passagem natural de luz solar, o que implica diretamente na diminuição da produção das algas, afetando, inclusive, os bancos de corais, que tem influência direta da fotossíntese de algas marinhas.

Segundo o biólogo e professor da UFMA, Ricardo Barbieri, a lei só prevê ganhos no que se refere à preservação do meio ambiente, pois de certa forma diminuirá a circulação de sacolas plásticas, que demoram entre 250 e 400 anos para se decompor. “Muitos golfinhos, tartarugas e até mesmo aves já foram observadas em estágio de sufocação por ingestão de produtos plásticos, pois confundem as sacolas com medusas ou outros tipos de alimentos. Portanto, a lei é substancialmente importante, já que, mesmo não extinguindo o uso das sacolas, vai impedir o excesso com que elas são utilizadas”, ressalva o professor. No Brasil, são produzidas 210 mil toneladas de plástico filme (sacolas comuns) por ano, o que representa 9,7% do lixo do país.

Embora pareça uma boa solução para o grande impacto ambiental causado pelo uso excessivo de plásticos, a produção de sacolas biodegradáveis ainda é limitada em virtude do valor de produção, que tem um aumento de custo variável entre 15% e 30% em relação às tradicionais. Ainda assim, é perceptível uma adequação por parte, principalmente, das empresas movidas pelo conceito de responsabilidade social.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF), em 2007, houve um crescimento de 2,5% da demanda de sacolas biodegradáveis, em relação ao mesmo período em 2006, quando houve consumo de 37 bilhões de sacolas plásticas.

Para o historiador Lyndon Araújo, a consciência da sociedade quanto à troca das embalagens plásticas pelas biodegradáveis exige uma reeducação ambiental e uma conseqüente mudança de hábitos e práticas do cotidiano, o que deve ser incentivado, principalmente, pelas ações do setor público. “A aplicação da lei relativa ao uso de sacolas biodegradáveis é bastante positiva, pois vai incentivar uma maior adaptação da sociedade a uma consciência ecológica”, frisou.

Estes e outros assuntos sobre tecnologia para o manejo e aproveitamento sustentável dos recursos naturais, bioindústria e bioenergia serão discutidos nesta edição do Amazontech. O evento ocorre entre os dias 25 e 29 de novembro, no Centro de Convenções do Multicenter Sebrae, em São Luís, com expectativa de
reunir 35 mil pessoas.