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João Pedro Stédile faz um balanço do atual cenário econômico do país

Publicado em: 10/04/2016

SÃO LUÍS - O Conselho Universitário da Universidade Federal do Maranhão recebeu na manhã desta sexta-feira, 08, em sua reunião ordinária, o coordenador do Movimento Trabalhadores Rurais dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que fez uma reflexão sobre o cenário econômico do Brasil. Ele foi recebido pela reitora Nair Portela e demais conselheiros na sala dos Colegiados Superiores, no Palácio Cristo Rei.

Stédile lembrou que todos os estudiosos de todas as correntes comungam do mesmo diagnóstico: a sociedade brasileira vive uma grave crise cuja base fundamental é a crise econômica. “Faz três anos que a nossa economia não cresce, houve um processo de desindustrialização do nosso país, que na década de 80 tinha 50% da sua economia na indústria e hoje apenas 9%. Há, portanto, uma crise ambiental porque houve uma avalanche das forças do capital com as forças da natureza para se apropriar e isso trouxe contradições para a natureza e, como consequência, os efeitos sociais, as mudanças climáticas, a falta de água na maior cidade que temos no hemisfério sul que é São Paulo, os problemas ambientais ocorridos em Mariana-MG, entre outros problemas ambientais que perpassam pela sociedade”, lembrou.

Para Stédile, a crise política é causada pelo sequestro que a democracia representativa brasileira sofreu pelas empresas. Ele afirma que nos últimos 10 ou 15 anos, as grandes empresas sequestraram o processo eleitoral e hoje o povo não reconhece os parlamentares como seus legítimos representantes. “Todas as pesquisas de opinião revelam que a instituição menos respeitada é o parlamento. Em primeiro lugar estão as forças armadas, com 52%, depois as igrejas, com 48%, depois vêm as universidades, com 18%, os sindicatos com 16%, a presidente Dilma com 8%, e os políticos 7,01%”, explica.

O coordenador do MST alertou que a sociedade brasileira só viveu momentos parecidos com a crise de 30, de 60 e de 80. E que em todos esses episódios históricos, a saída dessas crises não foi em um passe de mágica. “Só há uma saída para essa situação que é a sociedade construir projetos que aglutinem a maior parte das nossas forças, seja nas igrejas, nas universidades, com o povo em geral, com os partidos, ou seja, construir uma alternativa e modelo de desenvolvimento. E essa energia necessária para construir um projeto alternativo de desenvolvimento leva anos" .

Segundo o líder social, o sonho dos grandes capitalistas do exterior e do Brasil é aplicar a liberdade total do capital, que na conceituação econômica se chama neoliberalismo. “Eles aplicaram esse modelo durante os governos Collor e Fernando Henrique, que todos lembram o que significou para o nosso povo: o desemprego, a soberania nacional, entre outros fatores. Para aumentar a taxa de lucro, para romper com a CLT, com o direito dos trabalhadores, para ter livre acesso às riquezas naturais que o país possui, eles acham que o governo Dilma é um problema. Apesar dos erros que o governo cometeu nesses dois últimos anos, os capitalistas veem o governo Dilma como uma barreira e por isso eles precisam tirá-la para implantar o neoliberalismo e fazer uma avalanche de todos os projetos de gestão na câmara e desvincular, inclusive, os recursos públicos que estão na constituição carimbados para a educação, para a saúde, eles querem tirar essa vinculação dos recursos públicos”. Stédile lembrando que se agora as universidades estão passando por dificuldades, no modelo neoliberalismo passarão bem mais.

Após a reflexão do coordenador do MST, a reitora Nair Portela cumprimentou o convidado e destacou a importância de debater junto aos conselheiros da Universidade temas de relevância para a comunidade acadêmica. “Precisamos estar juntos nesta luta democrática para garantir os direitos que a nossa sociedade já conseguiu. Nós temos um curso na educação do campo, o pacto nacional pela alfabetização na idade certa, o pacto nacional pelo fortalecimento do ensino médio, entre outras ações que a universidade realiza e que não podem parar”, afirma.


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Revisão: Débora Santos

Lugar: Palácio Cristo Rei
Texto: Sansão Hortegal
Última alteração em: 11/04/2016 14:05

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