UFMA

O alto índice de nascimento de bebês prematuros no Hospital Universitário, Unidade Materno Infantil, chamou a atenção de pesquisadores da UFMA. A aluna de pós-graduação do Mestrado em Saúde Materno - Infantil e pediatra Neonatologista, Rosângela Torquatto Fernandes, fez um estudo com 12 mães de crianças prematuras para saber qual a relação da prematuridade e o abandono.

A pesquisadora constatou que as causas são multifatoriais e envolve questões de exclusão social, impossibilidade de abortar legalmente e a não-realização do procedimento completo do pré-natal de no mínimo oitos consultas médicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, além do medo e da falta de estrutura familiar. Problemas decorrentes da prematuridade em alguns casos como hidrocefalia, paralisia cerebral e complicações pulmonares também favorecem a rejeição da mãe em relação ao bebê. O abandono é mais recorrente com mães adolescentes, solteiras e de classe social mais baixa.

A estudo foi realizado no HU Materno Infantil, no setor de Neonatologia correspondendo a UTIN(Unidade Terapia Intensiva NeoNatal, Unidade Mãe bebê e Ambulatório de Seguimento) no período de setembro de 2007 a março de 2008. Foram entrevistas 12 mães de bebês prematuros nascidos de partos de 24 semanas (cinco meses e meio) e não foram levadas em conta mães de bebês portadores de malformações ou asfixia.

No Brasil, a estimativa da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) é de que existam hoje cerca 80 mil crianças e adolescentes abandonadas à espera de doação em abrigos no país. De acordo com a pesquisadora, um estudo sobre exclusão social aponta o Maranhão como o estado com a maior quantidade de excluídos sociais, por isso o assunto torna-se uma questão de saúde pública. “O intuito da minha pesquisa é compreender como se dá este processo de abandono com mais profundidade, no sentido de favorecer a discussão do problema e criar meios de proteção e suporte a essas crianças e suas famílias durante a gestação estendendo-se até o primeiro ano de vida do bebê, período de maior vulnerabilidade”, explica. “Quero contribuir não só para prevenir o abandono, mas para diminuir também a taxa de mortalidade infantil e de violência presente na nossa sociedade”, finaliza.

Atualmente, o Hospital Universitário mantém um setor no Materno Infantil, a Unidade Mãe e Bebê, que atende e acompanha as mães logo após o nascimento de bebês prematuros. Mas a pesquisadora acredita que este trabalho deve ser estendido às casas e às família destas mães, valorizando o ambiente e as relações familiares.


Perfil da pesquisadora

Rosângela Torquatto Fernandes - Médica do Serviço de Neonatologia HUUFMA, especialista em Terapia Familiar é aluna do Programa de Pós-Graduação Saúde Mtarno Infantil. Tem estudos publicados sobre o tema “A interação social e a relação com a amamentação” .