UFMA

SÃO LUÍS – A professora do Departamento de Letras da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Naiara Sales Araújo Santos, lançou dois livros, nesta quinta-feira (18), durante o I Encontro Nacional de Ficção, Discurso e Memória, que está a decorrer no Centro de Ciências Humanas (CCH) da UFMA desde o dia 17 e vai até o dia 19 deste mês de setembro.

Os títulos dos dois livros lançados são: ‘Ficção Científica Brasileira e o Legado Colônia’; e ‘Discurso Pós-Moderno em Foco: literatura, cinema e outras artes’. Segundo a professora Naiara, a ideia de escrever o primeiro, ‘Ficção Científica Brasileira e o Legado Colônia’, surgiu no curso de mestrado que fazia, quando percebeu que tinha poucas obras e poucos críticos que exploravam a temática que fala da ligação que a ficção científica e tem com a história de colonização no Brasil.

Para realizar a pesquisa dessa temática, a pesquisadora usou metodologia de pesquisa analítica, com análise textual de diferentes bibliografias, com o objetivo de analisar as obras literárias e ver como os autores mostravam a relação do homem da sociedade brasileira com a tecnologia.

No livro, a autora fala da diferença que existe entre a literatura dos autores dos anos 50 e 60 em relação aos autores modernos. Para a autora, “estes têm uma visão mais apurada da relação homem/máquina”. Ela explica ainda que os autores modernos tratam mais da forma como o homem é dependente da máquina.

O livro também faz uma abordagem política, artística e linguística, que a autora mostra uma interrelação entre os três conceitos na ficção científica brasileira. De acordo com a professora Naiara, a ficção científica no Brasil é política, em que trata dos aspectos políticos e culturais do Brasil em cada momento, e, ao mesmo tempo, ela é artística, porque traz sempre uma novidade genuína na arte de escrever. “A língua tem uma função marcante, porque os autores mostram, na ficção científica, a movimentação da língua em torno da tecnologia”, contou.

Segundo a professora Naiara, a pesquisa concluiu que a relação da sociedade com a tecnologia passa pelo viés da colonização, porque, inicialmente, a história da ficção científica mostra que as narrativas estão ligadas ao processo de colonização. Depois, na década 60 e 70, os autores ficaram mais preocupados com a situação política do Brasil e começam a fazer críticas à ditadura militar. Depois, na década de 90, os autores trazem a preocupação do social com o tecnológico, pensar como é que a tecnologia tem afetado a cultura e a identidade brasileira. E, por último, vem mostrar a relação do homem e a máquina, principalmente como as pessoas hoje estão se tornando dependentes da máquina.

Outro livro que também foi lançado nesta quinta-feira, que é o conjunto de artigos científicos organizados pela professora Naiara Sales Araújo Santos, é o ‘Discurso Pós-Moderno em Foco: literatura, cinema e outras artes’, um livro que fala da literatura e do cinema, mas sempre fazendo comparação com outras artes.

De acordo com a aluna do curso de Letras da UFMA, Jucélia de Oliveira Martins, autora de um dos artigos, o livro trabalhou a pós-modernidade, mostrando os seus aspectos na literatura em comparação com o cinema.

Saiba mais

Os livros foram publicados no quadro do I Encontro Nacional de Ficção, Discurso e Memória. O evento multidisciplinar, realizado pelo grupo de estudos Ficção Científica, Gêneros Pós-Modernos e Representações Artísticas na Era Digital (FICÇA), envolve as áreas de Letras, Ciências Sociais, História e Psicologia, e tem o objetivo de, entre outros, discutir e analisar as manifestações linguísticas e literárias pós-modernas, levando em consideração as transformações sociais geradas a partir dos avanços tecnológicos e estabelecer a relação entre o gênero ficção científica e aspectos socioculturais brasileiros.

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Revisão: Charles Martins

Lugar: Cidade Universitária do Bacanga
Texto: Deolindo Deolino
Última alteração em: 19/09/2014 18:24