UFMA

A região amazônica ocupa quase 60% do território brasileiro, mas recebe apenas 2% de todo o investimento em ciência e tecnologia. O resultado disso é que 70% das pesquisas que tratam dessa região são desenvolvidas por pesquisadores estrangeiros, conforme anunciado na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, este mês, na Unicamp (SP).

Para o professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMA, Marcelo Carneiro, o baixo índice de pesquisadores brasileiros trabalhando com temáticas relacionadas à Amazônia é provocado pela forma como os governantes do país vêem esse celeiro de biodiversidade. “Existem motivos de natureza econômica, mas temos também problemas causados pela falta de interesse político do Estado”, avaliou.

A extração de madeira, a exploração mineral, a pecuária e as plantações de soja são, segundo o cientista, as principais atividades desenvolvidas na região amazônica. “O correto seria investir em pesquisas científicas, para encontrar novos produtos farmacológicos e bioquímicos e preservar o que ainda temos da floresta”.

Ele citou como exemplo os países europeus e os Estados Unidos, que possuem políticas de investimento em ciência e tecnologia bem consolidados. “Eles têm uma longa tradição. O Brasil faz pouco quando comparado a eles”, pontua.

Para reverter esse quadro, Marcelo Carneiro acredita que são necessárias várias estratégias, dentre as quais destacam-se a expansão do número de pesquisadores na região, o fortalecimento de entidades como o Instituto de Pesquisa sobre a Amazônia (Inpa), a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), as Universidades Federais, o Museu Emílio Goeldi (PA) e outros institutos de ensino estaduais e fundações de fomento à pesquisa.

De acordo com o balanço publicado pela Embrapa, para cada um real aplicado em pesquisa, a empresa retornou 13,36 reais aos brasileiros, o que demonstra a importância de investir em ciência e tecnologia.