UFMA

O Departamento de Biologia da UFMA em parceria com o Departamento de Tecnologia Química, a MUTUAL – Empresa Júnior de Biologia e a Professora Maria Marlúcia Ferreira Correia do Labohidro vai iniciar estudo no litoral do Maranhão a fim de identificar espécies de bactérias patogênicas, dinoflagelados e cianobactérias tóxicos trazidas nas águas de lastro dos navios que aportam nos portos maranhenses. O projeto piloto será financiado pela EMAP (Empresa Maranhense de Administração Portuária).

Água de lastro é o termo empregado para designar a água utilizada como contrapeso nos navios para que estes possam manter-se estáveis. Junto a ela, estão os seres vivos da área de origem do navio, denominados organismos exóticos. A identificação destas espécies que aqui chegam será feita a partir de marcadores moleculares para que o diagnóstico tenha maior precisão (quando comparado à identificação visual). "Através de tecnologias similares à utilizada no exame do DNA humano, o nosso grupo detectará os organismos vindos nas águas de lastro dos navios que aqui aportam", diz o coordenador geral do projeto, professor Oliver Kuppinger.

O professor afirma que a importância do projeto é, além de científica, também social. Segundo ele, a presença destes organismos no litoral maranhense pode comprometer as atividades econômicas desenvolvidas no estado em ambiente marinho, bem como afetar a saúde pública. "Pode haver espécies exóticas nocivas ao ser humano entre elas. Com o seu desenvolvimento, a praia estará imprópria para banho e o peixe proveniente do nosso próprio litoral será inadequado para consumo, afetando com isto a economia pesqueira e a saúde de toda a população", explica Oliver, que também ressalta que, uma vez introduzidos no meio ambiente local, os organismos exóticos ameaçam o desenvolvimento das espécies nativas de forma irreversível.


A partir da identificação dos organismos exóticos presentes na água de lastro, será possível o tratamento específico a fim de que as espécies nela presentes não cheguem até a água do litoral maranhense. "A detecção de tais espécies é fundamental para a prevenção de grandes problemas ambientais futuros, pois, quando percebemos a origem do problema, a sua resolução é mais eficaz", lembra Oliver. Além disto, há uma grande perspectiva de criação de patentes e de prêmios internacionais através do projeto, como observa o coordenador da MUTUAL – Empresa Júnior de Biologia, Roberto Brum Corrêa. "O nosso porto é o segundo maior em profundidade do mundo e possibilita que grandes navios possam aportar em nosso litoral, trazendo bastante água de lastro para substituir o peso dos produtos que serão daqui exportados", explica.

Com tamanhas expectativas, o grupo espera receber também o apoio de órgãos estatais e empresariais para que o projeto possa aumentar seu campo de atuação e obter melhorias tecnológicas. "Já submetemos o projeto para a Vale, Alumar, secretarias Estadual e Municipal do Meio Ambiente, FAPEMA, CNPq, Secretaria de Gabinete do governador do Estado do Maranhão, Mistério do Meio Ambiente e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e iremos submeter a uma outra empresa multinacional em breve. Esperamos o apoio da maior parte deles, já que o projeto trará retornos financeiros e científicos para todos", finaliza Oliver.