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Palavra do Reitor

Um reconhecimento merecido

A Universidade Federal do Maranhão, a Academia Maranhense de Letras e o Conselho Regional de Economia executam vasta e rica programação nos dias 25, 26 e 27 de março para lembrar o centenário de Ignácio de Mourão Rangel, quando acontecerá o lançamento do livro “Ignácio Rangel, decifrador do Brasil”, bem como haverá a concessão do título de Doutor Honoris Causa In Memoriam a esse ilustre maranhense, que, se vivo estivesse, teria completado 100 anos neste ano de 2014.

Nasceu na cidade de Mirador, em 1914, e faleceu em 1994. Talvez as novas gerações sequer tenham ouvido falar dele, mas se trata de um dos maiores economistas brasileiros: foi decisivo na elaboração dos projetos que criaram a Petrobras, a Eletrobrás no governo de Getúlio Vargas, tendo participado ainda da execução do plano de metas do governo Juscelino Kubitschek. Foi professor do Instituto Superior de Estudos Brasileiros – ISEB. Mente arguta, irrequieto, deixou uma extensa obra e um legado que inspira e instiga pesquisadores e professores da área econômica. Suas obras famosas “Dualidanude básica da economia brasileira” (1953) e “A inflação brasileira” (1963) até hoje despertam acalorados debates. O espaço exíguo não nos permite relacionar suas obras por completo nem os seus numerosos artigos que trataram, entre outros temas, das consequências do capitalismo, da questão agrária, do papel do Estado na Economia e da importância do planejamento.

Embora formado em Direito pela então Faculdade de Direito do Maranhão, revelou numa entrevista (publicada pelo Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, em 2009) que se identificou desde cedo com a Economia. Nessa mesma entrevista, ele mencionou detalhes do surgimento do BNDE (assim mesmo, sem o “s”), que, em suas palavras, foi o “órgão que deu um novo tratamento ao problema fundamental da intervenção do Estado na Economia”.

Dotado de uma simplicidade não afeta aos homens dos números, Rangel certa vez disse para seu então aluno Murillo Cruz (orientador da monografia “A contribuição de Ignácio Rangel para o estudo da inflação brasileira”, escrita em 2004): “Não sei porque tanta sofisticação para estudar economia. O máximo que as pessoas deveriam saber é uma regra de três. Simples! Nem precisava ser composta!” (sic).

Filho de uma tradicional família maranhense, cujo pai era juiz de direito, ainda na juventude se apaixonou pelos ideais de Marx e, como nos mostra Carlos Gaspar em seu discurso de posse ao assomar à cadeira de número 26 da Academia Maranhense de Letras – antes ocupada por Rangel –, participou de uma das tomadas do 24º Batalhão de Caçadores, no ardor de seus 16 anos. A ousadia lhe custaria caro: teve o dissabor de ver a Faculdade de Direito fechada e, como saldo de sua integração à Revolta Comunista, chegou a ser preso e enviado para o Rio de Janeiro. Não perdeu tempo: a passagem pelo presídio lhe fortaleceu o caráter e foi momento propício para que ele estudasse uma série de línguas e as bases da Sociologia, História e Matemática.

De volta ao Maranhão e, após um breve período novamente na prisão, eis que nosso famoso economista vira empregado da firma Martins, Irmãos & Cia., seu último porto rumo a Brasília-DF, que, por um chamado do destino, o acolheu e o projetou para o Brasil. Na capital federal, Ignácio Rangel foi alçado aos cargos já mencionados e, além disso, inscreveu seu nome nos grandes jornais, sempre com a publicação de artigos e reflexões pertinentes. Em 1954, saiu para uma temporada de estudos na Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), em Santiago, no Chile, onde defendeu a tese intitulada “Desarollo Económico en Brasil”.

Acerca do pensamento e obra de Ignácio Rangel, o escritor Ricardo Bielschowsky, em seu livro “Pensamento econômico brasileiro – o ciclo ideológico do desenvolvimentismo”, assim o referencia: “Rangel preferiu construir um modelo teórico próprio. Sua teoria do desenvolvimento foi uma criativa adaptação do materialismo histórico marxista e um original arranjo de elementos das teorias econômicas de Smith, Keynes e Marx”.

Tido como mestre por muitos dos grandes economistas do Brasil (Bresser Pereira era um de seus ardorosos defensores), Ignácio Rangel declarou certa vez que “ser nacionalista é ser diferente a cada década”. Desse modo, que a modernidade de seu pensamento e sua paixão pelo crescimento do Brasil influenciem outras novas gerações a seguir o seu exemplo.

Doutor em Nefrologia, reitor da UFMA, membro do IHGM, da AMM, AMC e AML.

Publicado em O Estado do Maranhão em 23/03/2014

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